Conheça a Redemption, a equipe de eSports que leva Porto Alegre no nome
Por Redação Rádio Pampa | 30 de abril de 2020
Era inevitável a chegada da tecnologia no mundo dos esportes – e vice-versa. Nos esportes tradicionais os Estados Unidos já tinham se antecipado ao nosso futebol, lançando mão da revisão de vídeo em jogos como basquete, futebol americano e beisebol desde a década de 1980, quando a tecnologia estava desenvolvida o bastante para que a mesma fosse aplicada em dias de jogo. Mais de três décadas depois, o futebol adotou essa tecnologia por meio do review de vídeo – também conhecido como VAR – que causa polêmicas desde sua implementação na América do Sul e no Brasil, em 2018.
No âmbito oposto, os esportes “invadiram” o mundo tecnológico graças aos jogos de videogame inspirados em esportes tradicionais que são sucesso de vendas há décadas. Jogos da franquia NBA, NFL e FIFA são presentes em PCs e consoles, liderando rankings de venda de unidades de seus respectivos games, que possuem edições todo ano. O jogo oficial da FIFA, que reúne times, seleções e jogadores do mundo todo, é quiçá um caso especial, uma vez que as premiações oficiais para os melhores jogadores do esporte do ano ganham atenção redobrada por determinarem quais serão os melhores jogadores disponíveis no mercado de transferências do mundo virtual naquele ano.
Entretanto, a integração entre esses dois mundos antes tidos como isolados não para por aí. A sua mistura definitiva, os eSports, é o resultado da união entre a evolução tecnológica dos videogames ao longo dos anos e o espírito competitivo que os esportes tradicionais carregam desde os tempos antigos. Os “gladiadores” da era moderna se encontram em PCs ou em consoles para disputar batalhas individuais ou em grupo nas mais diferentes modalidades, angariando públicos que chegam na casa dos milhões na internet e também nos canais de TV a cabo dedicados ao ramo. E no Brasil, Porto Alegre é uma das poucas cidades que conta com uma representante que pode ser chamada de sua: a equipe Redemption.
Um projeto de paixão em família
A equipe nasceu por parte de uma iniciativa conjunta entre os primos Ângelo Tellechea e Pedro Antônio Sanchotene. Enquanto os dois compartilhavam a paixão por jogos de luta desde cedo, aos poucos os gostos foram mudando. O mais velho, Pedro, começou a gostar mais de Counter-Strike, um clássico jogo de tiro que dominou as LAN houses na década de 2000. Enquanto isso, Ângelo desenvolveu gosto por League of Legends, um jogo do gênero de MOBA que coloca equipes de cinco contra cinco para se digladiarem em uma arena online, com o objetivo de destruir o “centro de força” da equipe adversária – o Nexus – para ganhar a batalha.
No fim de 2017, a dupla resolveu dar vida ao sonho de montar uma equipe de eSports, com o League of Legends sendo o foco principal do novo time. Deu-se ao time o nome de Redemption – “redenção”, em português –, e também se fez clara a associação à Porto Alegre, com o nome da cidade sendo incluso no logo da equipe.
Apesar de o sucesso no jogo não ter sido imediato, a tentativa seguinte, no segundo semestre de 2018, deu resultados. Após a entrada no Circuito Desafiante, que é a segunda divisão do campeonato nacional de League of Legends no Brasil, a Redemption conseguiu o ascenso para o primeiro nível dos eSports.
E, assim, desde o começo do ano passado a equipe faz parte do Campeonato Brasileiro de League of Legends, mais conhecido como CBLoL. Sua passagem incluiu sucessos significativos, como a classificação antecipada às semifinais do campeonato no primeiro semestre de 2019 por meio de um terceiro lugar na tabela, conquistado por antecipação na frente de equipes tradicionais do cenário, como a KaBuM! e a Vivo Keyd.
Grandes marcas se envolvem no meio
Enquanto a montagem da Redemption tem como principal motivação a paixão dos primos riograndenses, o lado dos negócios nos eSports são também um grande incentivo – ainda mais em um ambiente propício para o crescimento do que antes era apenas um nicho entre as pessoas mais integradas ao mundo de videogames.
Isso se mostra com clareza quando verificamos as marcas que estão envolvidas com os eSports. Hoje, os jogos do CBLoL se encontram em canais como SporTV, que desde 2018 transmite os jogos do torneio, e a casa de apostas online Betway Esportes, que disponibiliza odds referentes ao campeonato. A equipe paiN Gaming ganhou patrocínio da BMW, tradicional companhia de automóveis, no ano passado. E a empresa que estampa bilhões de cartões de crédito mundo afora, Mastercard, tornou-se patrocinadora do CBLoL este ano.
Uma das maiores razões por trás desses investimentos é o público dos eSports, que só aumenta a cada ano que passa. O último Mundial de LoL contou com 44 milhões de espectadores na sua final, onde a equipe chinesa FunPlus Phoenix ganhou o confronto contra os europeus da G2 para levantar o troféu do título mais importante dos eSports pela primeira vez em sua história. E o cenário de eSports em si está projetado para angariar cerca de R$ 6,16 bilhões em receitas este ano, boa parte por meio de patrocínios como os supracitados. Apenas a título de comparação com os esportes tradicionais, o Grêmio possuía no ano passado projeção de R$ 341,9 milhões em receita para este ano, com suas contrapartes no Campeonato Brasileiro – excluindo Flamengo e Palmeiras – não estando em condições muito melhores.
Apesar das adversidades, o céu ainda está claro
Infelizmente a Redemption não conseguiu ter um bom desempenho no CBLoL este semestre, terminando o campeonato em último lugar e sendo assim diretamente rebaixada para o Circuito Desafiante. Entretanto, mudanças recentes, como a entrada do novo jogador da rota do meio, Aithusa, dão sinal de que o time portalegrense chegará à segunda divisão do cenário nacional de League of Legends já como favorito ao acesso para o CBLoL.
A vantagem que a Redemption tem sobre tantos outros projetos no âmbito de League of Legends e outros eSports é o fato de o time ser impulsionado pelo amor de seus donos/comandantes pelos jogos e pelo cenário competitivo em si. Ainda que o sucesso (ou a falta dele) com certeza comande as decisões tomadas quanto à escolha dos jogadores para formar as equipes de suas modalidades principais, LoL e Counter-Strike, o projeto não é simplesmente abandonado por conta de resultados não muito positivos.
Para um cenário em ascensão, mas ainda recente e instável como o de esportes eletrônicos, tais iniciativas são vitais. É por isso que a torcida pelo sucesso da Redemption e de tantas outras equipes como ela só crescem, com os benefícios financeiros vindo junto como rêmoras acompanhando os grandes peixes do mar.
