Quinta-feira, 25 de abril de 2024

O prefeito de uma cidade gaúcha convidou um médico cubano para ser o secretário municipal da Saúde

O prefeito da cidade de Chapada (RS), Carlos Catto (PDT), convidou o médico cubano Richel Colazzo, 36 anos, para comandar a Secretaria da Saúde do município, localizado na região do Alto Uruguai. Segundo ele, a decisão foi motivada pela recente determinação das autoridades de Havana para que os profissionais do país caribenho que atuam no programa Mais Médicos retornem para casa, devido ao anúncio de mudanças no convênio pelo presidente eleito Jair Bolsonaro.

No município do Norte do Estado, Richel Colazzo trabalha desde 2014 em um posto de saúde. Trata-se de um dos três profissionais disponíveis para a população local, estimada em quase 10 mil habitantes. “Ele está muito bem inserido na comunidade”, justificou o chefe do Executivo municipal. “O pessoal tem gostado do atendimento.”

Chapada tem encontrado dificuldades para a contratação de médicos. Neste ano, por exemplo, ninguém se apresentou para um concurso público prevendo salários de aproximadamente R$ 11 mil. No final do mês passado, o prefeito participou de reuniões com representantes do Ministério da Saúde, em Brasília, pedindo mais profissionais de saúde pelo Mais Médicos.

Em todo o Rio Grande do Sul, são 625 cubanos desempenhando a função em mais de 380 municípios. Em termos nacionais, o programa Mais Médicos soma mais de 18 mil profissionais, dos quais cerca de 8,5 mil são procedentes da ilha caribenha.

Resposta

Casado há dois anos com uma universitária brasileira do curso de Administração, Colazzo está analisando a proposta de permanência – que envolve uma “promoção de carreira” provavelmente inédita na história do convênio, implantado em 2013 durante o governo da então presidenta Dilma Rousseff (2011-2016) e que tem dividido opiniões.

“Se eu não conseguir ficar no Brasil como médico, vou aceitar o convite”, admitiu em entrevista a uma rádio. “Pra mim, o fim do convênio [com Cuba] foi uma notícia muito ruim e eu ainda estou processando tudo isso, que acabou batendo de frente com os meus planos.”

Ainda de acordo com o médico cubano, o seu salário no país de origem equivale a algo em torno de R$ 300 mensais. “Ninguém vem de Cuba para cá enganado”, faz questão de deixar claro. “Todo mundo sabe o que vai ganhar e qual a parte que ficará com o governo de lá.”

Postagem no Facebook

O prefeito Carlos Catto utilizou o Facebook para informar a população sobre os planos de tornar o imigrante cubano titular da pasta da Saúde de Chapada. No texto, ele reitera a confiança “na capacidade e no profissionalismo já demonstrado pelo médico em nosso município”.

Em menos de três dias, a postagem recebeu ao menos 430 “curtidas”, a maioria delas demonstrando apoio à iniciativa. Também estão registrados quase 90 compartilhamentos e praticamente o mesmo número de comentários.

“Parabéns, prefeito, por reconhecer o valor destes profissionais! Já fui atendida por um médico cubano e percebi o quanto são excelentes. Deve-se reconhecer que a medicina cubana está em um estágio bem mais avançado”, escreveu uma internauta. “Lamento que o grande profissionalismo deles não seja reconhecido por este novo governo que teremos! Felizes aqueles que tiveram o privilégio de ser paciente de um médico cubano.”

Também não faltaram seguidores da prefeitura na rede social a questionar o funcionamento do convênio. Em geral, essas postagens classificavam o governo cubano de “ditadura comunista” e os profissionais conveniados de “escravos”. Um habitante local reagiu às críticas de forma bem humorada: “Quem é contra os médicos cubanos no Brasil deveria ser atendido por veternários…”.

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