Quarta-feira, 24 de abril de 2024

O Rio Grande do Sul é o segundo Estado brasileiro com maior comportamento suicida entre os adolescentes

O comportamento suicida, tema tão discutido atualmente, é uma das principais causas de mortes de adolescentes no Brasil. O luto para quem fica, segundo especialistas, também é uma questão que precisa ser abordada de forma mais aprofundada, auxiliando familiares e amigos a conviverem com a ausência de quem decidiu partir.

Em um evento realizado pela Amrigs (Associação Médica do Rio Grande do Sul) na última semana, esses tópicos ganharam repercussão, chamando a atenção, principalmente, o fato de que, em 2017, o Rio Grande do Sul ficou em segundo lugar no ranking de tentativas de tirar a própria vida praticadas por adolescentes. A informação foi repassada pela psiquiatra infantil Berenice Rheinheimer.

“A estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de que aconteçam cerca de 800 mil suicídios por ano. Destes, aproximadamente 67 mil são de menores de 19 anos”, relatou Berenice. De acordo com a psiquiatra, o perfil de quem comete suicídio não é o mesmo de quem faz tentativas.

Dessa forma, a médica reforçou a necessidade de ações específicas para cada grupo, exemplificando com a iniciativa da Coreia do Sul, “Ponte da Vida”, a qual reduziu em 85% o número de mortes por esse motivo no país asiático. A ação teve início em 2012 e consiste em um sensor que ativa luzes quando alguém se aproxima da “borda de segurança”. Em frente, estão frases como “Vá ver as pessoas de quem você sente saudade” e “Os melhores momentos da sua vida ainda estão por vir”.

Paralelamente, o comportamento suicida entre adultos continua preocupando a comunidade médica. De acordo com o psiquiatra Rafael Moreno de Araújo, homens com idade entre 40 e 49 anos atentam mais contra a própria vida do que as mulheres. Em pesquisa realizada pelo profissional, com cerca de 50 mil pessoas através da internet em todo o Brasil, 60% delas já tiveram pelo menos um pensamento suicida passageiro.

“Aproximadamente 50% das pessoas conseguem cometer suicídio na primeira tentativa. Destas, a metade teve diagnóstico de algum transtorno mental ou já passou por algum clínico mental. Entre as características da tentativa, 60% agem impulsivamente, 14% passam cerca de seis meses planejando o ato e 22% já tentaram ambos”, explicou Araújo.

Uma perspectiva que também merece atenção quando o assunto é comportamento suicida é o luto. O médico de família e comunidade e monge zen budista André Yakusan Silva afirmou que, para cada suicídio, são afetadas direta ou indiretamente mais de cem pessoas.

“Entre as diferenças do luto e da depressão, estão a culpabilidade pela situação, que no primeiro caso é dirigida aos outros e ao destino e na segunda situação à própria pessoa, os sintomas psicóticos, que não ocorrem no luto, embora seja possível imaginar ou ver e ouvir a pessoa falecida, e a evolução dos sintomas, que são persistentes na depressão e flutuantes no luto”, disse Silva.

Distúrbios relacionados ao sono, apetite e isolamento social são comportamentos característicos de quem está passando pelo processo de luto. De acordo com o médico e monge, é necessário ajudar a pessoa a se dar conta da perda e a viver com a ausência do falecido. Com relação ao luto por suicídio, aconselha-se escutar sem julgamentos, críticas ou preconceitos, ser paciente e não evitar o nome de quem faleceu.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Atualidades Pampa

Livro de artista plástica porto-alegrense provoca um olhar sobre as relações de vizinhança através das janelas da cidade
Mais de 270 quilos de maconha foram encontrados em um carro roubado que tentou fugir de uma barreira policial e colidiu contra um caminhão em uma rodovia federal gaúcha
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play