Sábado, 27 de julho de 2024

A coragem é imparável

Há pouco mais de duas semanas, a vida de todos os gaúchos virou de ponta cabeça. Planos e projetos escoaram juntamente com as águas, enquanto cidadão salvava cidadão, tendo como objetivo imediato o resgate. Salvar vidas.

Enquanto isso, quem não estava no front debatia-se pensando em como ajudar, fosse se voluntariando, doando ou divulgando informações, como se caíssemos em um vórtex onde os dias se repetem em uma ansiosa e constante rotina de apoio ao próximo.

E, neste exato momento, quando o tempo parece suspenso no Rio Grande do Sul, surgia no peito de muitos de nós aquela faísca que é responsável por grandes mudanças: coragem.

A coragem é imparável. Inconsequente, muitas vezes um tanto irracional, mas, sempre, valorosa. Quem tem coragem pode perder tudo, mas carrega consigo o nobre valor da crença na vitória.

O Abrigo Aliadas foi articulado, organizado e estabelecido em setenta e duas horas. Era inevitável que a Associação Aliadas – legalmente constituída para ser o braço sem fins lucrativos da empresa Aliadas – imprimisse toda a força da nossa marca, reconhecida por desenvolver e acelerar mulheres, para abraçar aquelas que se encontravam em um estado de vulnerabilidade inacreditável: resgatadas da tragédia para serem assediadas e/ou abusadas em abrigos. Não podíamos nos conformar.

Arregaçamos as mangas, fizemos as ligações, conseguimos o espaço, levantamos dinheiro e, principalmente, reunimos o que há de mais importante para realizar mudanças: pessoas com muita vontade. Um verdadeiro exército de Aliadas, e aliadas das Aliadas, e homens de confiança das Aliadas e, assim, um enorme time do bem que fez a coisa acontecer. Que realizou. Uma verdadeira união de esforços que juntou iniciativa privada, poder público e sociedade civil, pessoa por pessoa envolvida na causa: proteger.

E foi assim que montamos um abrigo para noventa mulheres e crianças, mães com seus filhos, em um espaço para que se sintam seguros para fecharem os olhos durante a noite e livres para brincar e, enfim, sorrir. Nosso espaço se tornou “o local mais feliz da cidade”, onde crianças brincam durante o dia inteiro, onde há programação lúdica, que é como deve ser. E onde mulheres podem se preocupar, apenas, em zelar pelos seus filhos, como toda e qualquer mãe. Porque, agora, nós vamos além: vamos lutar para (re)construir um futuro. Realizamos oficinas, conversamos, viabilizamos possibilidades. Vamos projetar esperança, focando no que essas mulheres têm para oferecer, para trabalhar, oferecendo apoio para que, sim, saiam daqui – mas que saiam fortes e repletas de esperança.

O sol já brilha no horizonte do Rio Grande. A peleia será dura, mas somos resilientes, fortes e, principalmente, unidos. Ninguém larga a mão de ninguém – e é assim, afinal, que resgatamos uns aos outros, da forma que for.

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