Segunda-feira, 18 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 18 de agosto de 2025
No Brasil, bingos e cassinos são proibidos há décadas. A justificativa histórica sempre foi proteger a população contra o vício em jogos de azar e evitar crimes relacionados a esse tipo de prática.
Contudo, ao mesmo tempo em que a lei mantém essa proibição, os jogos on-line como “tigrinho” e bets se multiplicam nas redes sociais sem qualquer controle efetivo, atraindo milhões de brasileiros diariamente. O resultado? Famílias destruídas, pessoas endividadas e uma geração de dependentes digitais.
A incoerência legal e social
É impossível não perceber a contradição. Se a preocupação é proteger a sociedade, como explicar que bingos físicos continuem proibidos, mas jogos virtuais, que entram diretamente no bolso e na vida de milhões de pessoas através do celular, estejam acessíveis a qualquer hora do dia?
Enquanto a lei fecha os olhos para a realidade virtual, milhares de brasileiros perdem tudo em apostas que prometem enriquecimento rápido, mas entregam apenas frustração, dívidas e desespero.
Ludopatia: uma doença invisível
Esse cenário não é apenas uma questão de entretenimento irresponsável. Estamos falando de ludopatia, o vício em jogos, já reconhecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma doença.
A ludopatia compromete o equilíbrio emocional, financeiro e social de quem sofre com ela. Pessoas deixam de pagar contas básicas para apostar, escondem dívidas da família, caem em depressão e, em muitos casos, destroem seus lares e relações. O problema, portanto, não é apenas individual. É coletivo. É um problema de saúde pública.
O silêncio do Estado e o preço da omissão
Enquanto o governo mantém a proibição de bingos e cassinos, a ausência de regulamentação clara para o ambiente digital cria um espaço sem regras, onde empresas de apostas fazem publicidade agressiva, muitas vezes direcionada até a jovens.
Essa omissão tem custado caro:
•Famílias endividadas.
•Pessoas adoecendo sem tratamento.
•Uma sociedade cada vez mais exposta a práticas predatórias.
O que precisa ser feito
Não se trata de fechar os olhos ou fingir que o problema não existe. É urgente:
1.Regulamentar os jogos on-line com fiscalização rigorosa.
2.Controlar a publicidade, especialmente em redes sociais.
3.Oferecer tratamento gratuito no SUS para dependentes.
4.Promover campanhas educativas, assim como já ocorre com álcool e cigarro.
Até quando vamos permitir que vidas sejam arruinadas enquanto o Estado finge que não vê? Quantas famílias ainda precisarão ser destruídas até que a sociedade encare os jogos on-line como o que realmente são: uma ameaça à saúde pública? É hora de cobrar regulamentação séria, controle rígido e apoio às pessoas que já estão doentes e precisam de ajuda.
* Sandro Severo – Consultor Financeiro