Quinta-feira, 06 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 16 de janeiro de 2023
Quem levou os manifestantes a Brasília? Eles saíram de várias partes do país em direção à capital federal, onde promoveram os atos de vandalismo de 8 de janeiro, e as autoridades dizem que o movimento foi patrocinado. Agora, as investigações são para identificar os financiadores dos atos. E o trabalho está só começando.
A Polícia Federal, com apoio de outros órgãos, é que vai comandar as investigações. Um dos principais alvos da apuração é Otto Guilherme Vieira, que aparece num vídeo convocando manifestantes.
“Estamos solicitando pessoal que tem intenção de sair hoje para Brasília. Pode sair um ônibus hoje ou até dois, dependendo do contingente. Preciso do nome completo, CPF ou telefone. Vai sair mais dois (sic) de Blumenau. Então, rapidinho, com urgência.”
Otto Vieira é CAC, como são chamados aqueles que fazem parte do grupo Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador, e tem pelo menos 39 armas relacionadas ao nome dele. É, também, dono de um clube de caça e tiro em Blumenau, Santa Catarina. Ele é bastante ativo nas redes sociais, mas fechou alguns perfis nos últimos dias.
Um outro nome na mira da Polícia Federal é Walter Parreira, que aparece como contratante de um ônibus que saiu de São Vicente, no litoral paulista, rumo ao centro de Brasília no dia 7 de janeiro. Em vídeos, ele não esconde a participação em atos democráticos.
“Meu nome é Walter Parreira. Sou representante comercial. Sou formado em história e publicidade. Sou fundador de um grupo de patriotas aqui da Baixada, estive à frente das grandes mobilizações, estamos na trincheira patriótica lutando pelas pautas do nosso presidente. (…) Recebemos um chamamento nacional. Só vai avançar quem tem sangue nos olhos”, disse ele antes da viagem a Brasília.
As promessas na convocação incluíam “ônibus novos, superbons, sem custo. O passageiro só vai pagar o que consumir na estrada. Para quem tem disponibilidade para viajar, tudo pago. Tem que ficar acampado. E se tiver mais pessoas, conseguiremos mais ônibus.”
Já dentro do ônibus, a caminho da capital da República para participar dos atos, Walter fez um apelo: “Está sobrando ônibus e faltando patriota”.
“Estamos indo em direção ao nosso objetivo. Aqui de Santos, saindo em torno de 50 ônibus. O senhor, empresário, não pode ir, mas tem condição de financiar um ônibus. Agora, vamos para a frente de combate”, disse o golpista.
Rastros
A caçada aos financiadores em todo o país ainda está no início, e o ponto de partida foi seguir os rastros dos pequenos patrocinadores. Por isso, está sendo feito um mapeamento de todos os ônibus que foram a Brasília. Os veículos apreendidos estão no pátio da Polícia Rodoviária Federal. A lista de contratantes de ônibus, feita pela Advocacia-Geral da União, é usada na investigação criminal.
O documento tem cerca de 60 pessoas de dez estados brasileiros, sendo a maioria de São Paulo, e a AGU pediu o bloqueio de bens dos primeiros possíveis financiadores do ato, para garantir o ressarcimento de mais de R$ 6 milhões – valor inicialmente estimado com os prejuízos após os ataques. A Justiça determinou, então, que esse bloqueio de bens acontecesse com contratantes de ônibus.
A polícia quer identificar também quem bancou a alimentação dessas pessoas. O Ministério da Justiça já recebeu mais de 85 mil denúncias de todos os cantos do País.