Sábado, 18 de janeiro de 2025

A maioria dos jovens brasileiros trabalha no mercado informal e vive com renda familiar per capita de até um salário mínimo

Quase 10 milhões de jovens entre 15 e 29 anos (20% da população nessa faixa etária) não estudavam nem haviam concluído a educação básica em 2022, segundo o IBGE. A explicação mais dada para o abandono é a dificuldade de conciliar estudo e trabalho. Ela foi citada por 41% — ou 48% daqueles entre 15 e 19 anos — dos entrevistados na pesquisa Juventudes Fora da Escola, realizada pelo Datafolha para a Fundação Roberto Marinho e o Itaú Educação e Trabalho. Outro motivo correlato — a necessidade de receber auxílio financeiro mensal — foi mencionado por 35%.

Ao delinear os problemas que levam à evasão escolar, a pesquisa aponta para as principais questões que devem ser tratadas por políticas públicas. A maioria dos jovens entrevistados (69%) trabalha no mercado informal e vive com renda familiar per capita de até um salário mínimo (78%).

Cedo ou tarde, o estudante que abandona a escola para trabalhar percebe que a falta de instrução o coloca nas faixas inferiores da pirâmide salarial. Por isso 73% afirmam ter intenção de concluir a educação básica. Para 37%, o objetivo é “encontrar emprego ou ter um emprego melhor”. Para 28%, cursar a faculdade. E 56% dizem que se matriculariam num curso técnico ou profissionalizante.

O ensino noturno é a opção preferida por 62%, deixando implícito o desejo de conciliar trabalho e escola. “A gente vem de uma tradição que dissocia o trabalho do estudo, o que é um erro”, afirma Rosalina Soares, assessora de Pesquisa e Avaliação da Fundação Roberto Marinho.

A reforma do ensino médio que está parada no Congresso procura, acertadamente, dar ênfase à formação profissional. Aprová-la deveria ser a prioridade de qualquer governo realmente preocupado com o desenvolvimento do Brasil. Em vez de acelerá-la, o governo federal decidiu lançar o programa Pé-de-Meia, uma espécie de bolsa para o ensino médio.

Na matrícula, o aluno recebe R$ 200. A depender de frequência e rendimento escolar, os benefícios anuais podem chegar a R$ 3 mil (ou R$ 9.200 ao final do ensino médio). É uma medida correta, mas insuficiente para trazer de volta o jovem há muito tempo fora da escola. Para Rosalina, o valor pago deveria ser maior.

Outra dificuldade que leva alunas a largar os estudos é a falta de creche onde deixar os filhos, razão mencionada por 32% dos entrevistados. A construção de creches costuma fazer parte das plataformas de governo de prefeitos e governadores, mas a carência persiste. Investir nas creches, abrir cursos noturnos e apostar na vertente profissionalizante da reforma do ensino médio são as medidas mais eficazes para resgatar o jovem que abandonou os estudos.

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