Domingo, 18 de maio de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 11 de dezembro de 2023
A redução da inflação e do desemprego, considerados alavancas de crescimento de consumo, parece não estar animando os brasileiros nas compras neste fim de ano. Um sinal da apatia ocorreu na Black Friday, com uma frustração das vendas durante os dias de ofertas. No varejo online, quedas chegaram a 15% do faturamento e nas lojas físicas, 0,49% das vendas médias, segundo levantamento a Neotrust e VarejOnline, respectivamente.
Isso acendeu um sinal de alerta e fez grandes redes do varejo tradicional e entidades do setor se debruçarem para entender o que, de fato, afetou os negócios. Também trouxe à tona dúvidas sobre as perspectivas de vendas para o Natal, importante data para recuperação do comércio. O presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, diz que o momento exige mais pé no chão. “O Natal será duvidoso”, diz.
De um lado, para atrair consumidores, o varejo deveria dar mais descontos. Mas, de outro, este ano é de mais racionalidade para a operação varejista.
A projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é que as vendas deste Natal cresçam 5,6% ante 2022. Em faturamento, porém, o economista da CNC Fabio Bentes diz que o ganho será inferior ao último antes da pandemia. Em 2019, o comércio faturou com a data R$ 70,8 bilhões, em números corrigidos pela inflação. Para este ano, a perspectiva é vender R$ 68,97 bilhões. “Vai ser um Natal de recuperação.”
Para o Estado de São Paulo, o principal mercado consumidor do País, a projeção de crescimento de vendas do mês inteiro de dezembro é de 5% em relação ao mesmo mês de 2022, segundo a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP).
Em baixa
Os números são a esperança do setor de recuperar o consumo morno dos últimos meses. De janeiro a setembro o volume de vendas do varejo restrito – que não inclui veículos e materiais de construção – cresceu 1,8%, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Economistas afirmam que o cenário atual deveria ser, teoricamente, mais favorável ao consumo de fim de ano. Até novembro, por exemplo, a prévia da inflação oficial, medida pelo IPCA15 e apurada pelo IBGE, acumula alta 4,3%. É mais de um ponto abaixo do resultado do mesmo período de 2022 (5,35%).
Além da inflação controlada favorecer às compras, o mercado de trabalho, teoricamente, seria outra alavanca de vendas. A Fecomércio-SP, por exemplo, aponta o emprego formal como fator de sustentação da previsão de crescimento de vendas da entidade para o varejo paulista. O Estado de São Paulo respondeu por 70 mil dos 190 mil empregos com carteira assinada em outubro, de acordo com o Cadastro Geral e Empregados e Desempregados (Caged).