Segunda-feira, 09 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 8 de junho de 2025
Até o final de maio, a perspectiva dominante no mercado financeiro era de que o Banco Central iria manter
inalterada a taxa de juros na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), no dia 18. Mas tudo mudou depois do pronunciamento de Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, em evento realizado
na segunda-feira (2).
Isso afetou a performance da Bolsa de Valores de São Paulo, que fechou esta primeira semana de junho com perdas acumuladas de 0,68%. No câmbio, o dólar acumulou uma baixa de 2,64% na semana, passando de R$ 5,718 (fechamento do comercial em 30 de maio) para R$ 5,57.
O que aconteceu
Galípolo disse que há necessidade de continuar ajustando a política monetária com base nos dados econômicos disponíveis. “Seguimos numa economia que vem surpreendendo, ou apresentando uma resiliência surpreendente para o nível de taxa de juros que a gente tem”, afirmou o presidente. Os investidores leram isso como uma grande possibilidade de que a inflação continue em alta, mesmo com os juros no patamar atual de 14,75% ao ano. Com preços em alta, o BC não tem como manter, nem no futuro cortar as taxas.
Essa declaração teve o efeito de um balde de água fria para o mercado. Depois dela, as apostas de que pode haver mais uma alta na taxa Selic, desta vez de 0,25 ponto percentual, começaram a aumentar. E, no mesmo dia, a Bolsa respondeu, fechando na segunda-feira (2) em baixa de 0,18%.
Com isso, as taxas de juros negociadas no mercado futuro também passaram a operar em alta. Hoje, a divulgação do
relatório de empregos dos Estados Unidos em maio, que apresentou criação de vagas acima das estimativas, colaborou aumentando as projeções de juros altos por mais tempo também nos EUA. “Esses dados reforçaram a percepção de que a maior economia do mundo segue aquecida o que, por um lado, é positivo para o sentimento global, mas por outro, sem dúvidas, reduz as apostas em cortes mais agressivos de juros pelo Federal Reserve, o banco central americano”, diz Christian Iarussi, economista e sócio da The Hill Capital.
Juros altos são ruins para o mercado de renda variável. Primeiro porque o capital dos investidores sai da Bolsa para ser aplicado em renda fixa, tanto aqui, quanto no Tesouro americano. Segundo, porque prejudicam as empresas da Bolsa, que pagam mais por empréstimos e têm mais dificuldade para vender.
No final das contas, a Bolsa teve na semana quatro dias de baixa. Só subiu na terça-feira (3), 0,56%, com a expectativa de apresentação de um plano alternativo ao aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) anunciado na semana passada.
Naquele pregão, o principal índice da B3 subiu 0,56%, aos 137.546 pontos. No câmbio, o dólar seguiu perdendo valor, principalmente no mercado externo. Aqui, apenas a quarta-feira foi dia de alta, com valorização de 0,14%. Nos outros quatro dias, a moeda se desvalorizou. A incerteza voltou ao mercado de dólar após novas reviravoltas na guerra tarifária. O presidente americano, Donald Trump, e o governo chinês se acusaram mutuamente de violar o
acordo comercial entre os dois países. As decisões do presidente americano corroem a reputação do país, afetam as expectativas de crescimento dos EUA e tiram do dólar o “status” de divisa porto seguro para investimentos.
Ações
Dois papéis tiveram mais destaque — negativo — nesta semana: Itaú (ITUB4) e Petrobras (PETR3 e PETR4). A ação do banco interrompeu somente hoje, com leve alta de 0,14% (dados preliminares) a sequência de sete pregões de desvalorização desde que o papel atingiu seu maior preço historicamente (intradia), em 27 de maio, chegando a R$ 38,62. Desde então, acumula queda de quase 3%.
Petrobras, em meio ao declínio dos preços do petróleo no exterior, caiu forte na quarta-feira (4). Especulações sobre
eventuais medidas do governo visando arrecadação de receitas extras por meio do setor de petróleo também ajudaram a ação preferencial cair 2,75% no dia.
Do lado positivo, as ações da Casas Bahia (BHIA3) disparam no pregão de hoje. A varejista anunciou um plano que pode reduzir pela metade a dívida da empresa e liberar recursos para novos investimentos. O plano depende de aprovações internas e dos credores. A ação, que chegou a subir 9% durante o pregão, fechou, conforme dados preliminares, em alta de 3,98%, a R$4,18. As informações são do portal Uol.