Quarta-feira, 05 de novembro de 2025

A solidão do homem prudente e a influência de Deus em sua vida

Vivemos tempos em que o abraço virou artigo de luxo. O calor humano, esse gesto simples e natural, hoje parece ameaçador. Não porque o afeto tenha perdido valor, mas porque, em volta dele, se ergueu um muro de leis, distorções e interesses.

O que deveria ser espontâneo virou cálculo; o que deveria ser entrega virou receio. Não é fácil admitir, mas há muitos homens que, assim como eu, já não têm vontade de conhecer alguém. E não se trata de amargura, mas de prudência.

A prudência de quem olha para o cenário jurídico e social e percebe: basta um namoro inocente para virar pesadelo. Basta permitir que uma companheira durma algumas noites em tua casa para, de repente, ela trazer roupas, se declarar em união estável e, no pior dos casos, usar a lei como arma, e não como proteção.

Assusta pensar que, em um mundo tão sedento de amor, precisamos desconfiar até mesmo da promessa de afeto. Assusta perceber que a Justiça, em nome de proteger, acabou criando brechas para destruir a vida de pessoas de bem.

O homem comum, aquele que só queria paz, é quem carrega essa espada sobre a cabeça. Não é ganância o que me move. O que ganho basta para pagar as contas, encher a geladeira e viver com serenidade.

Não quero mais do que isso. Apenas mantenho as portas abertas para um futuro melhor, um futuro onde o amor não seja um risco jurídico, mas um encontro de duas almas.

Enquanto isso, sigo só. Mas não sozinho

Se o amor humano parece cada vez mais raro, eu encontrei um que nunca falha. Não é um amor sujeito a traições ou interesses, mas o amor divino.

Deus é amor. E é nele que aprendi a repousar quando tudo ao redor parece incerto. Encontrei um guia que preenche meu coração, me ajuda a manter o equilíbrio, me ama incondicionalmente e a quem procuro servir, apesar de minhas falhas. Esse guia é Jesus.

Em tempos de perseguições aos cristãos, declarar isso pode custar o rótulo de ultrapassado ou até mesmo o cancelamento. Mas o que importa é o que sinto e como isso fortalece minha alma. Felizmente, ainda somos maioria, e não podemos sucumbir ao mal, nem àqueles que tentam destruir nossas crenças e valores.

Deus sempre foi o maior incentivador da família: “Crescei e multiplicai-vos”. A família é um presente divino, onde a paz e a fé devem reinar.

Analogia

Dizem que Deus não dá a ninguém um fardo maior do que aquele que pode carregar. Também promete conceder tudo o que pedirmos com fé. Mas será que pedimos certo?

Imagine um exemplo: Deus programou para que, daqui a dez anos, eu tivesse o carro dos meus sonhos. Só que, na minha ansiedade, insisto para que chegue antes.

E Deus, como pai amoroso, cede… Mas eu não estava preparado. Sofro um acidente, e minha vida se transforma em dor.

É nesse ponto que volto ao tema da solidão. A lição é clara: tudo tem seu tempo certo. Até mesmo o amor.

Talvez, o amor de minha vida, e quem sabe o seu, já esteja por aí. Mas, e se o encontrássemos hoje, estaríamos prontos? Não estragaríamos tudo?

Deus faz tudo perfeito. Cabe a nós termos paciência. Errei muito no passado, mas cada erro, junto com alguns acertos, ajudou a me moldar. E eu gosto de quem sou hoje.

Um romântico incurável

Encontrei amores que poderiam ter sido intensos, mas não era o tempo certo. Alguns eram impossíveis, outros apenas platônicos.

Enquanto a vida não traz aquilo que meus olhos desejam, sigo confiando em Deus, que ouve o que meu coração pede em silêncio.

Enquanto isso, escrevo. Transformo a espera em poesia, a solidão em crônica e faço da fé a tinta que nunca se esgota.

Porque sei que, quando o tempo certo chegar, não será apenas encontro de corpos, mas de almas. E até lá, seguirei amando a vida como ela é: um rascunho divino que Deus escreve diariamente conosco.

Talvez a solidão seja apenas o intervalo entre o pedido e o tempo de Deus em nos entregar o que realmente merecemos.

* Fabio L. Borges, jornalista e cronista gaúcho

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