Segunda-feira, 23 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 22 de junho de 2025
Policiais federais cedidos à Abin participaram de ações clandestinas para produzir provas a favor de Jair Renan, como apontaram investigações da Polícia Federal. Mas um dos agentes, flagrado durante uma diligência, deu uma desculpa inusitada.
Segundo relatório da PF, o policial Luiz Felipe Barros Félix monitorou o ex-sócio de Jair Renan, o personal trainer Allan Lucena, até em sua garagem, para filmá-lo em posse de um carro elétrico, que teria sido entregue ao filho de Jair Bolsonaro para beneficiar empresários do ramo da mineração. O objetivo era desvincular do “Zero Quatro” o veículo em questão. àquela época, ele era investigado por suposto tráfico de influência.
O agente, no entanto, foi descoberto gravando Lucena, que acionou a Polícia Militar. Foi aí que aflorou a criatividade do agente.
Abordado pelos PMs, Luiz Felipe se identificou como policial federal e afirmou que estava no local aguardando a chegada de uma prostituta.
Após ele ser liberado pelos policiais, Lucena registrou uma ocorrência por ameaça. Mas depois voltou atrás e a retirou. O personal alegou que se sentiu ameaçado.
Em depoimento, Luiz Felipe disse que a ordem para vigiar o ex-sócio de Jair Renan partiu do agente Felipe Arlota e afirmou que acreditava que Alexandre Ramagem também tinha ciência da tarefa que executaria.
Abin Paralela espionou Alexandre de Moraes errado
Em relatório a Polícia Federal (PF) apurou que a “Abin paralela” — utilização da Agência Brasileira de Inteligência para monitoramento ilegal de autoridades e outros cidadãos — monitorou um gerente geral chamado Alexandre de Moraes, com objetivo de espionar o ministro homônimo do Supremo Tribunal Federal (STF).
Moraes é o relator do caso no Supremo e foi quem autorizou a quebra de sigilo do relatório da investigação.
Segundo a PF, sistemas “ilegítimos” de consulta eram utilizados para monitoramento, que acabavam resultando em associações erradas, como pesquisa por homônimos — pessoas que compartilham o mesmo nome.
“O registro, por exemplo, associado à pesquisa de “ALEXANDRE DE MORAES SOARES” não apresenta nenhuma justificativa, levando à plausibilidade de terem sido realizadas 3 (três) pesquisas do homônimo do Exmo. Ministro Relator no dia 18/05/2019. O homônimo alvo da pesquisa, ainda, reside no Estado de São Paulo”, aponta o documento.
O gerente-geral Alexandre de Moraes Soares reside em São Paulo e trabalha numa rede de lojas especializadas no mercado varejista doméstico.
As pesquisas foram feitas diversas vezes, e sem nenhuma justificativa, por um agente de inteligência da Abin chamado Thiago Gomes Quinalia. Como mostrou a CNN, Quinalia foi demitido por abandono de cargo em dezembro do ano passado.
Ainda de acordo com a PF, Quinalia fazia parte do quarto núcleo, chamado de Núcleo-evento portaria 157. Eles eram responsáveis por vincular políticos e magistrados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). As informações são dos portais O Globo e CNN.