Terça-feira, 16 de abril de 2024

Acelerada por reajustes nos combustíveis, a inflação oficial, que acumula mais de 10,5% em 12 meses, leva analistas a prever índice de dois dígitos neste ano e maior alta no juro

A inflação oficial do País acelerou e ficou mais disseminada em outubro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,25%, o maior resultado para o mês desde 2002, segundo os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A inflação acumulada em 12 meses chegou a 10,67%. A última vez em que o IPCA encerrou o ano acima de dois dígitos foi em 2015, com idênticos 10,67%, na época do governo Dilma Rousseff.

A taxa de outubro foi a mais elevada de 2021, superando até as expectativas mais pessimistas de analistas. A alta provocou uma nova rodada de revisões entre economistas do mercado financeiro, que já projetam um IPCA acima de 10% no encerramento de 2021, ante a meta de 3,75% perseguida pelo Banco Central.

Os dados do IBGE mostram que todos os nove grupos de produtos e serviços subiram, com destaque para os transportes (2,62%), puxados pelo aumento nos combustíveis e nas passagens aéreas. A energia elétrica também voltou a subir, e as famílias ainda gastaram 1,17% a mais com alimentação.

No ano, a alta da gasolina já é de 38,29%. “A gasolina tem impacto no frete, que acaba afetando preços de outros itens”, diz Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.

A LCA Consultores elevou a projeção de inflação de 2021 de 9,70% para 10,0%, o Bank of America, de 9,1% para 10,1%, e o Barclays, de 9,50% para 10,0%.

Além de ajustar as previsões para a inflação de 2021 (de 9,10% para 9,40%) e de 2022 (de 3,90% para 4,40%), a corretora Ativa Investimentos recalculou de 1,5 para 2,0 pontos a alta esperada na taxa básica de juros, a Selic, na reunião do Comitê de Política Monetária de dezembro.

PEC dos Precatórios

No rastro da mudança de humor dos investidores, o novo secretário Especial de Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago, faz uma peregrinação pelo mercado financeiro para defender a PEC dos Precatórios como melhor solução para viabilizar o novo programa social, em vez de uma prorrogação do auxílio emergencial com o novo decreto de calamidade, instrumento considerado frágil juridicamente pela sua equipe e com riscos maiores para 2022.

A descompressão do mercado veio após a aprovação em segundo turno da PEC pela Câmara, que viu na votação uma redução das incertezas do risco fiscal, mesmo diante da sinalização de que na tramitação no Senado a proposta será alterada.

O ponto central para a mudança de humor com a PEC foi que a proposta aprovada não ampliou ainda mais o espaço para gastos nem aumentou o valor do Auxílio Brasil – novo programa social, substituto do Bolsa Família – para R$ 500, R$ 600 como a ala política queria.

Contribuiu para dissipar as dúvidas a apresentação feita por Esteves e o novo secretário do Tesouro, Paulo Valle, com dados mostrando que a PEC abrirá um espaço de R$ 91, 6 bilhões para novos gastos em 2022. O rombo foi dimensionado, e o mercado gosta de previsibilidade, mesmo que as despesas tenham aumentado, relataram interlocutores que participaram dessas conversas e de conferências virtuais.

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