Sábado, 20 de setembro de 2025

Adeus, meu companheiro: o luto pet e a dor que não se fala

Nos últimos anos, os lares brasileiros passaram por uma transformação silenciosa e profunda: os pets deixaram de ser apenas animais de estimação e passaram a ocupar o papel de filhos, companheiros e membros legítimos da família. Essa mudança afetiva deu origem às chamadas famílias multiespécies, onde o vínculo entre humanos e animais é tão forte quanto qualquer outro laço familiar.

Mas quando esse elo é rompido pela morte, o que acontece? A dor é real, intensa, mas muitas vezes invisível aos olhos da sociedade. O luto pela perda de um pet ainda é um luto não validado — pouco reconhecido, pouco compreendido e, infelizmente, frequentemente minimizado.

O olhar da psicologia sobre o luto pet

Segundo a psicóloga clínica Gisele de David (CRP 07/43718), especialista em luto pet, “o sofrimento pela perda de um animal é legítimo e precisa ser acolhido com respeito e empatia. O vínculo estabelecido com o pet é profundo, e o luto que se segue à sua partida não é menor do que o luto por um ente humano.”

Ela explica que o luto é um processo composto por fases — negação, raiva, barganha, depressão e aceitação — mas que essas etapas não seguem uma ordem rígida. “Cada pessoa vive o luto à sua maneira. No caso do luto pet, o que agrava o sofrimento é a falta de validação externa. Muitos tutores escutam frases como ‘era só um cachorro’ ou ‘compra outro’, o que gera vergonha, culpa e até isolamento social.”

Dor invisível, sofrimento real

A dor da perda de um pet pode se manifestar de diversas formas: tristeza profunda, sensação de vazio, arrependimento, culpa e até vergonha. “É comum que o tutor se questione: ‘Será que fiz tudo o que podia?’, ‘Por que estou sofrendo tanto?’. Essas perguntas são legítimas e fazem parte do processo de luto”, afirma Gisele.

Ela alerta para o risco do luto complicado — uma forma prolongada de sofrimento que impede a adaptação à nova realidade. “Quando não há espaço para expressar a dor, o sofrimento se intensifica. Por isso, é fundamental que o luto seja reconhecido e acolhido.”

Como lidar com a perda de um pet

Gisele recomenda que os tutores passem por rituais de despedida, como cerimônias simbólicas, criação de memoriais e momentos de reflexão. “Esses rituais ajudam a dar sentido à perda e a honrar a história vivida com o pet. Além disso, contar com uma rede de apoio e buscar espaços onde se possa falar sobre o assunto sem medo do julgamento é essencial.”

Ela também sugere atividades de expressão emocional, como escrever cartas para o pet, desenhar, meditar ou simplesmente permitir-se sentir. “Não existe uma fórmula mágica para superar o luto, mas existe a possibilidade de atravessá-lo com mais leveza quando há acolhimento.”

Um chamado à empatia

O luto pet é real. E você não precisa passar por isso sozinho(a). Se você está enfrentando essa dor ou conhece alguém que está, saiba que há apoio disponível. Validar esse sofrimento é um ato de amor e humanidade.

O atendimento psicológico pode ser realizado de forma presencial ou, se preferir, por meio de encontros online — seja por videoconferência eletrônica (como Google Meet) ou pelo WhatsApp. O importante é que você encontre um espaço seguro para acolher sua dor e iniciar o processo de cura.

No fim das contas, o que dói não é apenas a ausência física do pet, mas o silêncio que se instala ao redor dessa dor. Que possamos aprender a escutar, acolher e respeitar o luto em todas as suas formas — inclusive aquele que vem com quatro patas, um olhar doce e um amor que jamais será esquecido.

Contato da psicóloga Gisele de David, psicóloga clínica (CRP 07/43718) 📧 Email: apoiolutopet@gmail.com – WhatsApp: +51 99240-2772

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