Quarta-feira, 14 de maio de 2025

Adversários de Donald Trump veem conflito de interesses e inconstitucionalidade em presente de 400 milhões de dólares que país árabe quer dar ao presidente dos Estados Unidos

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump afirmou que seria “muito burro” rejeitar o avião que o Qatar está oferecendo aos Estados Unidos. “Acho que é um gesto ótimo do Qatar”, disse Trump antes de embarcar para Riad. “Eu agradeço muito e nunca recusaria uma oferta desse tipo. Eu teria de ser muito burro para dizer ‘não, não quero um avião muito caro de graça’.”

A família real do emirado está prestes a oferecer a Washington um Boeing 747-8, estimado por especialistas em US$ 400 milhões (R$ 2,27 bilhões). Este pode ser o item mais caro já doado ao governo dos Estados Unidos na história da diplomacia americana.

Os democratas denunciam um possível conflito de interesses, em especial porque a Constituição dos Estados Unidos proíbe as autoridades de aceitar presentes “de um rei, príncipe ou Estado estrangeiro”.

“É um grande gesto”, disse Trump aos repórteres quando perguntado se o Qatar esperava algo em troca.

Os detalhes legais dessa oferta “ainda estão sendo elaborados”, declarou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, à emissora Fox News.

“Mas, é claro, qualquer doação a este governo é sempre feita em total conformidade com a lei, e estamos comprometidos com a máxima transparência e continuaremos a fazê-lo”, acrescentou.

O presidente americano partiu na segunda-feira (12) para o Oriente Médio, para uma viagem de vários dias com escala no Qatar. O pequeno país no Golfo Pérsico desempenha papel central na mediação entre EUA, Hamas e Israel na guerra na Faixa de Gaza.

A porta-voz também afirmou que Doha não espera nenhum tratamento especial em troca, porque “eles conhecem o presidente Trump e sabem que ele só trabalha com os interesses americanos em mente”.

Trump se irritou quando um repórter perguntou se ele usaria o avião para uso pessoal após deixar o cargo.

“Você deveria ter vergonha de fazer essa pergunta”, disse. “Estão nos dando um avião de graça. Eu poderia dizer: ‘Não, não, não, não nos deem ele, quero pagar US$ 1 bilhão [R$ 5,68 bilhões] ou US$ 400 milhões, ou o que seja’. Ou poderia dizer: ‘Muito obrigado’.”

Trump afirmou que doaria o avião à sua futura biblioteca presidencial como peça de exibição, da mesma maneira que a de Ronald Reagan conserva um antigo Air Force One.

O Qatar tentou esvaziar a polêmica, ao afirmar que o avião não seria um presente.

“A possível transferência de um avião para uso temporário como Air Force One está sendo considerada atualmente entre o Ministério da Defesa do Qatar e o Departamento de Defesa dos Estados Unidos”, declarou Ali Al Ansari, adido de imprensa do Qatar em Washington.

O plano também suscitou preocupações de segurança sobre o uso de um avião doado por uma outra nação, já que a aeronave deve servir como centro de comando móvel para o presidente em caso de ataque aos Estados Unidos.

Conflito de interesses

Os democratas criticaram duramente a ideia.

“Qualquer presidente que aceite esse tipo de presente, avaliado em US$ 400 milhões, de um governo estrangeiro, cria um claro conflito de interesses”, declararam quatro membros do comitê de Relações Exteriores do Senado em comunicado.

O republicano prevê substituir os dois Boeing 747-200B atuais, que entraram em serviço em 1990 durante a presidência de George Bush pai.

Desde que retornou ao poder, Trump tem se queixado em diversas ocasiões dos custos elevados de manutenção dessas aeronaves.

No início de ano, o bilionário, descontente com os atrasos sofridos pela Boeing, disse que estava estudando alternativas para o futuro avião presidencial.

Em 2018, a empresa americana firmou um contrato para fornecer dois aviões 747-8 antes do fim de 2024 por US$ 3,9 bilhões (R$ 22,15 bilhões), equipados para transportar o presidente.

No entanto, mudanças no projeto (particularmente aquelas solicitadas por Trump durante seu primeiro mandato), a falência de uma subcontratada e a pandemia de covid, com seus consequentes problemas de fornecimento, atrasaram o cronograma. (Com informações da Folha de S.Paulo)

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