Sábado, 05 de julho de 2025

Advogado de réu por tentativa de golpe de Estado admite conversas com Mauro Cid sobre delação premiada

O advogado Eduardo Kuntz, que defende o coronel do Exército Marcelo Câmara, confirmou em depoimento à Polícia Federal (PF) que manteve conversas com familiares de Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, mas negou que tenha tentado interferir na delação premiada firmada por Cid com a PF.

Kuntz, Câmara e o ex-advogado de Bolsonaro Fabio Wajngarten foram ouvidos sobre suposta pressão em Cid para influenciar os depoimentos da delação premiada do ex-ajudante de ordens. Câmara e Cid são réus no processo sobre tentativa de golpe de Estado.

Kuntz relatou que trocou mensagens com a filha de Mauro Cid pelo Instagram e pelo WhatsApp. Segundo ele, o contato era motivado por interesse em ajudar a adolescente em competições na hípica de São Paulo, e não para tratar das investigações. O advogado negou qualquer tentativa de influenciar a delação ou obter informações sigilosas.

O defensor também confirmou que esteve com Mauro Cid e a filha em fevereiro deste ano, na Hípica de Brasília. Disse que o encontro foi marcado via redes sociais e que a conversa envolveu desabafos sobre a condução do processo, mas que o acordo de colaboração já havia sido homologado na ocasião.

Ainda no depoimento, Kuntz afirmou ter encontrado três vezes Agnes, mãe de Mauro Cid, na hípica paulista. Em uma dessas ocasiões, estava acompanhado de Paulo Bueno, outro frequentador do local. Segundo ele, Agnes demonstrou insatisfação com a antiga defesa do filho, e, diante disso, Kuntz se colocou à disposição para advogar para Cid, mas sem tomar a iniciativa de se oferecer.

Questionado se o contato constante com os familiares de Cid teve como objetivo atrapalhar as investigações no Supremo Tribunal Federal, o advogado negou. Também afirmou que conversou diretamente com Mauro Cid por meio do perfil “GabrielaR” no Instagram, que, segundo ele, era administrado pelo próprio tenente-coronel.

Por fim, Kuntz disse ter criado um grupo no Instagram com os perfis de Mauro Cid e de Paulo Bueno, a pedido de Cid. No entanto, afirmou que o grupo ficou inativo e não foi utilizado para conversas relevantes.

O cliente de Kuntz, Marcelo Câmara, afirmou à Polícia Federal que não sabia que seu advogado mantinha contato com Cid e familiares. Câmara disse que não pediu que Kuntz fizesse esses contatos e que o defensor não lhe contou sobre eles.

Câmara está preso preventivamente desde o mês passado por causa dessa suspeita de obstrução de Justiça. Para o ministro Alexandre de Moraes, há indícios de que ele descumpriu a ordem de não se comunicar, direta ou indiretamente, com outros réus do processo da tentativa de golpe.

O advogado Fábio Wajngarten, que já não integra mais a defesa de Jair Bolsonaro, também negou que tenha tentado atrapalhar as investigações. Questionado sobre telefonemas que fez para a esposa de Mauro Cid em 2023, ele disse que o objetivo foi manifestar solidariedade à família por causa do momento difícil que Cid passava. (Com informações do jornal O Globo)

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