Quarta-feira, 19 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 18 de novembro de 2025
Os representantes legais do banqueiro Daniel Vorcaro afirmaram que não procede a interpretação de que ele estaria tentando deixar o país ao ser detido na noite de segunda-feira (17), no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo. De acordo com a equipe de defesa, a viagem aos Emirados Árabes Unidos tinha como finalidade concluir a assinatura do contrato de venda do Banco Master, operação anunciada no mesmo dia.
A detenção ocorreu um dia após a Fictor Holding Financeira tornar pública a oferta para adquirir o Banco Master, instituição sob controle de Vorcaro. O acordo, revelado na véspera, envolveria a Fictor – um consórcio de investidores dos Emirados Árabes Unidos. Conforme publicado pelo portal InfoMoney, esse grupo internacional administra um volume superior a US$ 100 bilhões em ativos. No entanto, com o anúncio da liquidação extrajudicial do Master pelo Banco Central, o processo de venda foi interrompido antes de avançar.
Operação
A ação conduzida pela Polícia Federal (PF) investiga possíveis irregularidades envolvendo a emissão e a negociação de títulos de crédito pelo Banco Master. Segundo a corporação, a instituição dirigida por Vorcaro teria produzido documentos financeiros sem lastro ou com dados falsificados. Embora apresentados como ativos legítimos, esses papéis não teriam valor real, configurando potenciais crimes de gestão fraudulenta e falsidade documental.
As apurações indicam a existência de uma estrutura interna organizada para viabilizar as operações suspeitas, envolvendo tanto gestores quanto funcionários da instituição. A PF planejava deflagrar a operação apenas nessa terça-feira (18), mas decidiu antecipar a prisão do banqueiro diante dos acontecimentos. No total, foram executados sete mandados de prisão e 25 ordens de busca e apreensão em diferentes estados do país. O propósito da ação é coibir a circulação de títulos de crédito irregulares emitidos por instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional.
As investigações tiveram início em 2024, após solicitação do Ministério Público Federal, que buscava apurar a possível criação de carteiras de crédito sem validade por parte de uma instituição financeira. Esses títulos teriam sido vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por novos ativos sem a devida avaliação técnica. As autoridades investigam crimes como gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa, entre outros.
Liquidação
A prisão de Vorcaro ocorreu poucas horas depois de o consórcio liderado pela Fictor Holding Financeira anunciar sua intenção de adquirir o Banco Master. Na manhã de terça-feira, o Banco Central divulgou comunicado decretando a liquidação extrajudicial da instituição, além de determinar a indisponibilidade dos bens dos controladores e dos ex-administradores.
A proposta de aquisição da Fictor previa a entrada imediata de R$ 3 bilhões para reforçar o caixa do Master, que enfrentava dificuldades financeiras. A operação dependia ainda de aval do Banco Central e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Fundado em 1996 em Belo Horizonte, inicialmente sob o nome Banco Investmaster, o Master passou por reestruturação em 2018, quando Daniel Vorcaro assumiu o controle. A instituição passou então a focar na emissão e negociação de títulos de crédito e em operações estruturadas, além de integrar o grupo que mantinha a Master S.A. Corretora de Câmbio, especializada em operações cambiais e intermediação financeira.