Sábado, 08 de novembro de 2025

Agências dos Estados Unidos dizem que podem nunca conseguir identificar origens do coronavírus

As agências de inteligência dos EUA disseram recentemente que talvez nunca consigam identificar as origens da Covid-19, ao divulgarem uma nova versão mais detalhada de sua análise para determinar se o coronavírus partiu dos animais para a transmissão humana ou vazou de algum laboratório.

O Escritório do Diretor de Inteligência Nacional dos EUA (ODNI) afirmou em um relatório que uma origem natural e um vazamento de laboratório são hipóteses plausíveis de como o Sars-Cov-2 infectou humanos pela primeira vez. Mas disse que os analistas discordam sobre o que é mais provável ou se alguma avaliação definitiva pode ser feita.

O relatório também rejeitou sugestões de que o coronavírus se originou como uma arma biológica, dizendo que os proponentes dessa teoria “não têm acesso direto ao Instituto de Virologia de Wuhan” e foram acusados ​​de espalhar desinformação.

O relatório divulgado é uma atualização de uma revisão de 90 dias que o governo do presidente Joe Biden revelou em agosto, em meio a intensas disputas políticas internas sobre o quanto culpar a China pelos efeitos da pandemia global, em vez de governos que podem não ter agido com rapidez suficiente para proteger os cidadãos.

A China respondeu criticando o relatório. “Os movimentos dos EUA de confiar em seu aparato de inteligência em vez de cientistas para rastrear as origens da Covid-19 são uma farsa política completa”, disse Liu Pengyu, porta-voz da embaixada chinesa em Washington, em um comunicado por email.

O ex-presidente republicano Donald Trump – que perdeu sua candidatura à reeleição quando a pandemia devastou a economia dos EUA– e muitos de seus apoiadores se referiram à Covid-19 como “vírus chinês”.

China

O governo de Pequim, por sua vez, alega “manipulação política” do vírus. O país asiático afirma que não existem evidências de que o país tenha sido epicentro inicial da pandemia, e expõe fundamentos.

A China foi o primeiro país a alertar o mundo sobre a covid-19, pois foi na cidade de Wuhan, na província de Hubei, no fim de 2019, que o vírus foi identificado por autoridades sanitárias. Na ocasião, o governo adotou rapidamente medidas fortes para conter o vírus.

Como resultado, o país de 1,4 bilhão de habitantes tem apenas 4.636 mortes registradas. Por ter sido pioneiro na adoção de políticas de isolamento social e de investigação sobre o novo vírus, a comunidade internacional, automaticamente, apontou para o gigante asiático como local da origem da covid-19.

Preconceito

Junto do pré-julgamento vieram as conspirações internacionais e a sinofobia. No Brasil, o segundo país com mais mortes pelo vírus no mundo, com mais de 600 mil vítimas, o presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores bradam “vírus chinês”, enquanto apontam para discursos preconceituosos. O mesmo ocorreu nos Estados Unidos, país com mais mortes pelo vírus no mundo, mais de 700 mil.

O governo chinês afirma, em contraponto, que apoia iniciativas imparciais de investigação. “A China vai continuar a apoiar e participar do rastreamento científico global, mas se opõe firmemente a qualquer forma de manipulação política. Esperamos que todas as partes interessadas, incluindo o diretor da OMS e o grupo consultivo, mantenham uma atitude científica objetiva e responsável”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian, em coletiva.

Inicialmente, a China foi acusada de omitir dados sobre a gravidade da doença, cobrança considerada exagerada pelo país. Isso porque o tigre asiático também enfrentava um desafio inédito e não havia como saber ao certo do que se tratava em tão pouco tempo, algo como um mês de antecedência, conforme cobrado por autoridades internacionais. A partir da diplomacia chinesa em busca de isonomia nas investigações, mais de 70 países concordaram com a ampliação de uma investigação justa.

Paciente zero

Um levantamento global do Grupo de Mídia da China (CMC) apontou que 83% dos cidadãos entrevistados defendem uma investigação imparcial sobre as origens da covid-19. Estudos evidenciam a presença do vírus em diferentes países antes da China, entre eles, Itália e Estados Unidos. Uma das suspeitas levantadas por Pequim é de que o vírus teria sido portado por norte-americanos em um evento militar realizado em meados de 2019 em Wuhan.

“Quando o paciente zero começou nos EUA? Quantas pessoas estão infectadas? Quais são os nomes dos hospitais? Pode ser que o Exército americano tenha levado a epidemia a Wuhan. Sejam transparentes, torne públicos seus dados. Os EUA nos devem uma explicação!”, disse o porta-voz Lijian.

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