Quarta-feira, 06 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 6 de agosto de 2025
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou que seja realizada uma acareação entre o tenente-coronel Mauro Cid, delator no processo da trama golpista e ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, e o coronel Marcelo Câmara, que atuou como assessor do ex-mandatário. A sessão está marcada para a próxima quarta-feira, dia 13, às 11h30.
O pedido de acareação foi feito pela defesa de Câmara, que argumentou que a medida é “imprescindível na busca da verdade real” diante de três pontos considerados contraditórios nas declarações prestadas por Cid à Polícia Federal (PF).
Prevista na legislação penal, a acareação é um procedimento em que pessoas cujos depoimentos apresentam contradições são colocadas frente a frente para tentar esclarecer fatos controversos. Pode ser realizada entre acusados, entre testemunhas ou entre acusados e testemunhas.
A defesa contesta especificamente os seguintes trechos do depoimento de Mauro Cid: a afirmação de que Marcelo Câmara teria acessado e manipulado as chamadas “minutas golpistas” durante reuniões realizadas no Palácio da Alvorada; a declaração de que o coronel promovia um monitoramento “perene, contínuo e consciente” do ministro Alexandre de Moraes, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin.
Os advogados contestam ainda o relato segundo o qual, no início do suposto monitoramento, Câmara não sabia o motivo dos pedidos de informação feitos por Cid, mas que, com o tempo, teria tomado ciência do real propósito das solicitações encaminhadas pelo major Rafael Martins de Oliveira.
Réu por tentativa de golpe de Estado, Marcelo Câmara faz parte do “núcleo 2” da trama que tinha o objetivo de manter Jair Bolsonaro no poder. Segundo as investigações, esse grupo teria ficado responsável pela coleta de dados e de informações que pudessem auxiliar eventuais medidas para consumar um golpe de Estado.
Conforme os advogados, as declarações de Cid estão “isoladas e dissociadas dos demais elementos de prova” reunidos no inquérito.
Por isso, argumentam que a acareação é fundamental para esclarecer as supostas incongruências e confrontar diretamente as versões apresentadas, contribuindo para o esclarecimento dos fatos investigados.
Cid já teve outra acareação, feita entre ele e o ex-ministro e general Braga Netto. Na ocasião, Cid reafirmou que recebeu uma quantia em dinheiro vivo em uma ‘caixa de vinho’ fechada das mãos do militar. Braga Netto, por sua vez, afirmou que Cid estava “faltando com a verdade” durante a audiência e rebateu a versão apresentada pelo colaborador. (Com informações do portal de notícias g1)