Quinta-feira, 06 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 26 de janeiro de 2024
Além de autorizar o cumprimento de mandados de busca, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também determinou o afastamento imediato das funções públicas de sete policiais federais, que, atuaram com o hoje deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Ramagem, que é delegado da Polícia Federal (PF), chefiou a Abin entre os anos 2019 e 2022, durante o governo Jair Bolsonaro. Ele deixou o comando da agência para se candidatar a uma vaga à Câmara dos Deputados. Antes disso, em 2020, Bolsonaro tentou nomeá-lo como diretor-geral da PF, mas a indicação foi barrada por Alexandre de Moraes.
Na época, a suspeita é que, por ser próximo ao ex-presidente, iria atuar a favor dos interesses da família e de aliados nas investigações.
Segundo a PF, uma verdadeira organização criminosa se instalou na Abin “com o intuito de monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas, utilizando-se de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial”.
Uma das linhas de investigação é que a Abin tenha monitorado integrantes do Supremo, como o próprio ministro Alexandre de Moraes e o decano Gilmar Mendes. Outras autoridades também teriam sido espionadas.
Outra suspeita é que o sistema tenha sido utilizado para blindar os filhos do ex-presidente, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), investigado por um esquema de “rachadinhas” quando era deputado estadual, e Renan Bolsonaro, que foi alvo de investigações sobre suspeita de tráfico de influência.
A ação da PF na quinta-feira (25) é um desdobramento das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em 20 de outubro de 2023. Na época, apontou-se que agentes da Abin usaram um software israelense, chamado First Mile, para monitorar celulares de até 10 mil pessoas.
A ferramenta foi comprada ainda durante o governo de Michel Temer (MDB), mas teria sido ilegalmente empregada na gestão Bolsonaro.
A Controladoria-Geral da União (CGU) conseguiu recuperar 120 gigabytes (gb) de documentos que foram produzidos pela chamada “Abin paralela” — estrutura investigada pela Polícia Federal por suposta instrumentalização da Abin durante a gestão de Jair Bolsonaro. Desse montante, 8 gb foram impressos.
Em agosto de 2023, a CGU avocou a responsabilidade de uma apuração interna aberta pela própria Abin sobre a atuação desse núcleo paralelo. Desde então, passou a colaborar com as investigações da PF, sob o comando do Supremo. O relator do caso na Corte é o ministro Alexandre de Moraes.
Além de recuperar o montante de documentos, a CGU também conseguiu identificar a atuação de ao menos 15 pessoas na produção de relatórios ilegais. Entre eles, estão os seis policiais federais requisitados por Ramagem e que foram alvo da operação da PF desta quinta.