Quinta-feira, 06 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 31 de janeiro de 2023
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que em até 5 dias a Polícia Federal (PF) tome depoimento do presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, sobre propostas golpistas.
Em entrevista ao jornal O Globo, Valdemar afirmou que integrantes e interlocutores do governo Jair Bolsonaro tinham, em suas casas, propostas similares à “minuta do golpe”, encontrada pela Polícia Federal na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança pública do Distrito Federal.
“Aquela proposta que tinha na casa do ministro da Justiça, isso tinha na casa de todo mundo”, disse, acrescentando que Bolsonaro “não quis fazer nada fora da lei”.
O objetivo do documento seria reverter o resultado da eleição, em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vencedor. Tal medida seria inconstitucional.
Além da apuração que tramita no Supremo, a Justiça Eleitoral também avalia o teor do documento encontrado na residência de Torres.
O corregedor eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, incluiu a minuta do golpe em uma ação na qual o ex-presidente é investigado por ataques às urnas em fala a embaixadores.
A decisão atendeu a um pedido do PDT, que, na semana passada, protocolou petição para que o documento fosse anexado às investigações referentes à reunião com representantes estrangeiros em que o então chefe do Executivo.
Mais cedo nessa terça-feira (31), a PF havia pedido ao ministro autorização para ouvir Valdemar.
Segundo o ministro, as declarações de Valdemar “devem ser esclarecidas no contexto mais amplo desta investigação, notadamente no que diz respeito à adesão, por terceiras pessoas, de eventual intenção golpista”.
Ainda de acordo com Moraes, possíveis crimes em investigação são golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Triturar papéis
O documento apreendido na casa de Torres sugeria a decretação de um “estado de defesa” no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para alterar o resultado eleitoral que deu a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva sobre Jair Bolsonaro, que tentava a reeleição.
Na mesma entrevista, Valdemar disse que ele mesmo recebeu várias dessas sugestões – mas tomou o “cuidado” de triturar os papéis.
“Tinha gente que colocava [as propostas] no meu bolso, dizendo que era como tirar o Lula do governo. Advogados me mandavam como fazer utilizando o artigo 142, mas tudo fora da lei. Tive o cuidado de triturar. Vi que não tinha condições, e o Bolsonaro não quis fazer nada fora da lei”, disse o presidente do PL.