Quinta-feira, 26 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 25 de junho de 2025
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal ouça um dos advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Paulo Costa Bueno, e o ex-secretário de Comunicação Social da Presidência Fabio Wajngarten na investigação sobre mensagens atribuídas ao tenente-coronel Mauro Cid. O militar é delator no processo relacionado à trama golpista que visava manter Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições.
Na semana passada, o advogado Eduardo Kuntz, que defende o coronel Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, informou ao STF que conversou com Cid por uma conta no Instagram sobre a sua delação premiada, o que violaria o sigilo do acordo. O tenente-coronel Mauro Cid negou, em depoimento à PF na terça-feira (24), que tenha utilizado um perfil no Instagram para falar sobre a sua delação premiada.
Antes de Kuntz entregar ao STF as referidas mensagens, o advogado Celso Vilardi, da defesa de Bolsonaro, perguntou a Cid durante o interrogatório no STF, em 9 de junho, se ele havia conversado sobre o conteúdo de sua delação com outras pessoas pelo Instagram. Ele negou. Em seguida, Vilardi questionou se ele conhecia um perfil chamado “GabrielaR702”. Cid respondeu que Gabriela é o nome de sua esposa, mas que não sabia se esse era o perfil dela.
Dias depois, a revista Veja publicou mensagens atribuídas a esse perfil, sobre delação de Cid. Ao STF, os advogados do tenente-coronel negaram que ele fosse o autor do diálogo e pediram a investigação da conta. Moraes atendeu ao pedido e determinou que a Meta enviasse os dados.
Após a entrega das mensagens ao STF na semana passada, Moraes mandou prender Câmara e determinou que ele e Kuntz sejam investigados por possível obstrução de Justiça.
“São gravíssimas as condutas noticiadas nos autos, indicando, neste momento, a possível tentativa de obstrução da investigação, por Marcelo Costa Câmara e por seu advogado Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz, que transbordou ilicitamente das obrigações legais de advogado”, afirmou Moraes.
Nos dados enviados pela Meta, há o registro de uma conversa entre Kuntz, o perfil “GabrielaR702” e Paulo Amador Cunha Bueno, um dos advogados da equipe do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ao STF, a defesa de Cid alega que Kuntz e Wajngarten tentaram contato com Cid por meio de uma de suas filhas menor de idade. Wajngarten também teria procurado a esposa do militar. Segundo a defesa, Kuntz e Paulo Costa Bueno também abordaram a mãe do tenente-coronel em eventos em São Paulo. “Cercaram-na no sentido de demover a defesa então constituída por Mauro Cid”, informaram os advogados do delator. (Com informações do jornal O Globo)