Quarta-feira, 16 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 15 de julho de 2025
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), repreendeu o advogado Jeffrey Chiquini, da defesa do ex-assessor da Presidência Filipe Martins, por perguntas e intervenções consideradas por ele impertinentes. Moraes pediu que o advogado não tumultuasse o processo.
Além do novo depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, Moraes marcou para esta semana as sessões de oitivas das testemunhas de mais três núcleos do caso, que seguem até 23 de julho.
No início da sessão, Chiquini apresentou vários questionamentos ao ministro, como sobre o volume de provas, um documento não encontrado nos autos ou um agravo apresentado por ele e ainda sem resposta. Moraes indeferiu todos os pedidos e questões e, em um momento, o advogado e o ministro começaram a falar ao mesmo tempo.
“Enquanto eu falo, o senhor fica quieto. Não vamos tumultuar, doutor”, disse Moraes.
Moraes teve vários embates com os defensores ao longo da sessão. Também no início da tarde, ao negar outra questão de ordem de Chiquini, o ministro disse que o advogado estava extrapolando o papel dele.
“Não é o senhor que vai ditar se a PGR deve denunciar seu cliente no núcleo 1, 2 ou 3. Senão, deveria ter feito concurso para a Procuradoria”, disse.
Também houve embate quando o advogado Luiz Eduardo Kuntz, defensor de Marcelo Câmara, perguntava a Cid sobre o conceito de monitoramento para as Forças Armadas.
Kuntz disse que insistiria na pergunta por entender que não é uma questão de língua portuguesa, mas de linguagem militar. “E eu vou insistir em indeferir. Vamos para a próxima”, respondeu Moraes.
Os depoimentos do núcleo central da denúncia, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foram encerrados em junho, e o processo já está na fase de alegações finais das partes.
Na segunda-feira (14), foram ouvidas as testemunhas indicadas pela acusação. Nessa terça (15), a Corte passou a ouvir os nomes apresentados pelas defesas dos 23 réus dos três núcleos.
Na primeira parte, foram ouvidos o ex-diretor de inteligência da PRF (Polícia Rodoviária Federal) Adiel Pereira Alcântara e o ex-analista de inteligência do Ministério da Justiça de Bolsonaro, Clebson Ferreira de Paula Vieira.
Ambos já prestaram depoimentos como testemunhas chamados pelas defesas dos réus do núcleo central.
Adiel foi perguntado sobre as blitze da corporação durante o segundo turno da eleição de 2022. Ele voltou a afirmar que estranhou os pedidos de um apoio ao diretor de Inteligência sobre ônibus e vans com origem nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro com destino ao Nordeste.
Da mesma forma, Clebson relatou ter ficado desconfortável ao receber demandas direcionadas a um dos grupos que disputava a eleição presidencial de 2022. Segundo o analista, a equipe do então ministro Anderson Torres havia demandado a ele duas análises após o primeiro turno do pleito. A primeira era identificar as cidades em que os candidatos tiveram mais de 70% dos votos, e a segunda tratava sobre a distribuição do efetivo da PRF.
Na segunda, Cid voltou a afirmar que Filipe Martins levou uma minuta golpista para convocar novas eleições e prender adversários para o ex-presidente Bolsonaro analisa — ele nega.
“[O documento] Era composto de duas partes: a primeira parte eram os considerandos e a segunda parte eram atos de determinações que deveriam ser tomadas”, disse Cid.
Questionado sobre quais ações seriam essas, ele citou a prisão de ministros do STF e do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
“Depois que ele saiu da reunião com o presidente, com as alterações feitas pelo presidente, ele veio até a minha mesa ali onde eu estava, onde eu ficava na sala auxiliar, com esse documento já rabiscado. E aí ele ia fazer as alterações. E aí foi quando ele pegou o computador dele para fazer modificações, propostas pelo presidente”, afirmou Cid.
Em outro momento, Cid afirma que Martins não integrou a lista definitiva de passageiros do avião que levou Bolsonaro aos Estados Unidos no fim de 2022. A defesa de Martins argumentava havia meses que tinha provas de que Martins não havia viajado aos EUA com Bolsonaro em suposta tentativa de fuga do país.
Durante o interrogatório do réu do núcleo central do caso, Cid disse ter se sentido frustrado diante das interpretações da Polícia Federal sobre as declarações que ele dava para a colaboração premiada. (Com informações da Folha de S.Paulo)