Terça-feira, 05 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 4 de agosto de 2025
Aliados do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) dizem que a prioridade dele é se viabilizar como substituto do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, na corrida pelo Palácio do Planalto em 2026. No entanto, se não puder voltar ao Brasil, afirmam que seu discurso radicalizado pode pavimentar o caminho para ele seguir carreira política nos Estados Unidos.
Especialistas, contudo, apontam que o parlamentar brasileiro não cumpre os requisitos para disputar as eleições americanas e, no máximo, conseguiria ser nomeado para um cargo de assessor de algum órgão governamental.
Professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UNB), Roberto Goulart Menezes explica que um candidato a deputado nos EUA, por exemplo, precisa ter pelo menos 25 anos, ser naturalizado americano e ter no mínimo nove anos de residência fixa no país. Eduardo cumpre apenas a primeira exigência. A segunda poderia ser resolvida se o presidente Donald Trump concedesse a ele a cidadania. Mas a terceira é inviável neste momento.
“Ele não seria absorvido neste momento no sistema eleitoral dos Estados Unidos porque não tem dois requisitos básicos, que é ter a cidadania e ter nove anos, no mínimo, de residência permanente no país”, disse Goulart Menezes.
Desde março morando nos Estados Unidos, o filho de Bolsonaro virou uma espécie de “metralhadora giratória” inclusive contra o próprio grupo bolsonarista e queimou pontos no mundo político brasileiros. O parlamentar brigou com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), expoente do bolsonarismo nas redes sociais, e com senadores que foram aos EUA tentar negociar um alívio nas tarifas americanas.
Além disso, esticou a corda com o Supremo Tribunal Federal a ponto de se tornar “tóxico” na visão de integrantes do Centrão, como mostrou a Coluna. O deputado atuou para que os EUA impusessem sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas Trump acabou também impondo um tarifaço contra o Brasil, o que desgastou Eduardo.
O cenário, portanto, dificulta mobilizar aliados para salvar seu mandato na Câmara dos Deputados. Em entrevista, Eduardo disse que sacrificaria seu mandato no Brasil para permanecer no exterior porque teme ser preso se voltar ao País.
Por ora, ele vai contando com o período de férias no Congresso e com a expectativa de que a Câmara mantenha um elevado número de sessões virtuais, podendo criar a figura do primeiro “deputado remoto”. As informações são do portal Estadão.