Sábado, 08 de novembro de 2025

Aliados de Lula veem erro e munição para bolsonaristas em nota do PT que reconhece vitória de Maduro na Venezuela

A nota do Partido dos Trabalhadores reconhecendo a contestada vitória de Nicolás Maduro na eleição venezuelana de domingo (28) foi avaliada por aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como erro e munição ao bolsonarismo.

O texto trata Maduro como “presidente reeleito” – o que o Itamaraty não fez na manifestação divulgada após a votação. Além disso, não cobra que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano divulgue os dados de cada local de votação, principal cobrança da oposição e de vários países estrangeiros. A nota da chancelaria brasileira trata essa divulgação como “passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito.”

Até aqui, o CNE diz apenas que Maduro venceu com 51,2% dos votos, ante 44% de Edmundo González, o principal opositor.

“Importante que o presidente Nicolás Maduro, agora reeleito, continue o diálogo com a oposição, no sentido de superar os graves problemas da Venezuela, em grande medida causados por sanções ilegais”, diz a nota do PT, comandado pela deputada Gleisi Hoffmann (PR).

Em meio à repercussão negativa da manifestação, Gleisi Hoffmann disse que a nota foi “moderada”, “nada efusiva”. “Confiamos no trabalho do CNE”, disse. Ela também afirmou não ter falado com Lula sobre a nota.

Reação de aliados

Alguns quadros da sigla foram na contramão da executiva e se manifestaram publicamente de forma crítica, como o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) e o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG). Na opinião de alguns petistas, o partido se precipitou e deveria ter aguardado e alinhado a nota com a posição do governo.

“Não pode comprar a versão dele [Maduro] do jeito que está”, diz um aliado do presidente. “[A nota do PT] apequena o partido”. Para outro petista – e integrante do Planalto -, a nota do PT era desnecessária. “Difícil”, diz.

Em caráter reservado, petistas dizem que a posição oficial petista – que foi aprovada por unanimidade pela cúpula partidária – pode trazer prejuízos eleitorais para candidatos do campo progressista que enfrentam bolsonaristas nas grandes cidades, onde se esperam disputas polarizadas.

Em São Paulo, por exemplo, aliados de Ricardo Nunes (MDB) comemoraram a nota petista, que servirá de munição nos debates e eventualmente no horário eleitoral.

Isso apesar do PSOL, do deputado Guilherme Boulos, ter um posicionamento historicamente mais crítico em relação ao regime de Nicolás Maduro.

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