Sábado, 06 de dezembro de 2025

Almirante dos Estados Unidos nega ordens para matar sobreviventes de ataques no Caribe

O almirante americano que comandou o ataque em setembro contra um barco no Caribe, sob pretexto de que se tratava de uma embarcação do narcotráfico (algo nunca comprovado), negou a deputados e senadores ter recebido ordens para não deixar sobreviventes, em mais um capítulo de uma crise que já se espalha pelo Gabinete do presidente Donald Trump.

Segundo denúncias publicadas na imprensa, o barco foi bombardeado duas vezes, um ato cuja única motivação seria “não deixar sobreviventes” e que teria sido ordenado pelo Departamento da Guerra. Na audiência, os parlamentares tiveram acesso a um vídeo do ataque, que não foi revelado ao público.

Frank Bradley compareceu ao Capitólio na quinta-feira (4) para audiências a portas fechadas nas comissões dos Serviços Armados e de Inteligência da Câmara e do Senado. O deputado democrata Jim Himes, membro da comissão de Serviços Armados, deu pistas sobre o teor da conversa.

“O que vi naquela sala foi uma das coisas mais perturbadoras que já presenciei em todo o meu tempo no serviço público”, disse Himes, citado pela rede CNN, afirmando que também foram exibidas imagens do ataque. “Você tem dois indivíduos em evidente situação de perigo, sem qualquer meio de locomoção, com uma embarcação destruída, que são mortos pelos Estados Unidos”, acrescenta.

Presente a uma das audiências, o presidente da Comissão de Inteligência do Senado, Tom Cotton, afirmou que Bradley negou ter recebido ordens para não deixar sobreviventes.

“O almirante Bradley foi muito claro ao afirmar que não recebeu nenhuma ordem nesse sentido, nem para não conceder piedade nem para matar todos. Ele recebeu uma ordem que, obviamente, foi escrita com muitos detalhes, como sempre acontece em nossas Forças Armadas”, disse o senador Republicano, citado pela rede CNN.

Avaliações

Aos jornalistas, Himes disse esperar que o vídeo do segundo ataque seja divulgado o quanto antes.

“Qualquer americano que veja o vídeo que eu vi, verá militares dos Estados Unidos atacando marinheiros náufragos, bandidos, bandidos, mas atacando marinheiros náufragos. Há todo um contexto que o almirante explicou. Sim, eles transportavam drogas. Eles não estavam em condições de continuar sua missão de forma alguma”, afirmou Himes.

Cotton, integrante da linha de frente do trumpismo, não parece ter tanta pressa para divulgar o vídeo.

“Deixarei isso a cargo do Departamento de Defesa, e se há ou não algo ali que eles não queiram divulgar. Não vi nada ali que me preocupasse”, afirmou o senador à CNN. “O que me perturba é que milhões de americanos morreram por causa das drogas que esses cartéis contrabandeiam para os Estados Unidos”, concluiu o Republicano.

Entenda o caso

No dia 2 de setembro, um barco acusado de ligação com os cartéis do tráfico na América Latina foi destruído por um bombardeio americano, e imagens divulgadas pelo Pentágono mostram uma bola de fogo em alto-mar. Mas, como revelou a imprensa americana, houve um segundo ataque no mesmo local, que tinha como alvo dois sobreviventes no mar. Ao todo, 11 pessoas morreram nos dois bombardeios, acompanhados pelo secretário da Guerra, Pete Hegseth, por vídeo em tempo real.

Desde o início de setembro, 21 barcos acusados de ligação com o narcotráfico foram atacados no Caribe e no Oceano Pacífico, deixando 83 mortos. As ações fazem parte da chamada Operação Lança do Sul, o maior deslocamento de forças militares dos EUA ao Caribe em décadas, e que inclui 15 mil soldados, aeronaves de combate e o maior porta-aviões da Marinha, o USS Gerald Ford. Oficialmente, o governo de Donald Trump afirma que o objetivo é conter a entrada de drogas em seu país, mas a Venezuela, comandada por Nicolás Maduro, afirma se trata de um plano para derrubá-lo. As informações são de O Globo.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Mundo

Sobreviventes de 1º ataque dos Estados Unidos no Caribe ficaram 1 hora agarrados a destroços antes de serem mortos, diz agência
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play