Segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Alvo dos Estados Unidos, Alexandre de Moraes mantém rede de aliados no Brasil que garante influência e proteção

Alvo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes mantém uma rede de aliados na política brasileira que inclui até apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Parte desses contatos vem da carreira pregressa de Moraes, que já foi secretário de administrações paulistas e filiado ao PSDB. A parcela mais relevante, porém, foi construída após ele ser indicado Michel Temer ao Supremo, como a relação com o presidente Lula (PT) e com a cúpula do Congresso.

Esses laços garantem influência sobre decisões políticas, apoio para emplacar aliados em espaços de poder e proteção contra investidas de adversários —como os seguidos pedidos de impeachment feitos por bolsonaristas no Senado.

Duas de suas relações mais próximas surgiram por conta desses ataques. Moraes janta quase semanalmente em Brasília com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e com o antecessor dele, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

A decisão de pautar o impeachment de um ministro do STF é do presidente do Senado. A oposição voltou a pressionar pela deposição de Moraes após ele determinar a prisão domiciliar de Bolsonaro e obteve o apoio público de 41 senadores para pedir o afastamento. Alcolumbre, de pronto, descartou qualquer iniciativa nesse sentido e disse que não dará aval nem se os demais 80 senadores assinarem o pedido.

A afinidade com Pacheco ocorreu por essa mesma relação institucional, quando o ministro ocupava a presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e o mineiro presidia o Senado. Esse período foi marcado por ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas, e os dois se alinharam para defendê-las.

Moraes também mantém contato com os ex-presidentes da Câmara Rodrigo Maia (sem partido) e Arthur Lira (PP-AL), ainda que, no segundo caso, a relação seja permeada por tensões.

Maia deixou a política e atualmente é presidente da Fin (Confederação Nacional das Instituições Financeiras), mas costuma ser procurado por representantes do Legislativo e do Judiciário para intermediar conversas em momentos de crise entre os Poderes.

Desde a volta de Lula ao poder, o ministro também se aproximou do petista, com quem discutiu a nomeação de ministros para o TSE. Em julho, o presidente fez um jantar de desagravo ao ministro no Palácio da Alvorada contra as sanções impostas por Trump.

Sua relação mais antiga no atual governo é com Geraldo Alckmin (PSB), que lançou Moraes na política em 2002, ao nomeá-lo secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania no governo paulista. Os dois costumam conversar, apesar do estilo discreto do vice-presidente.

O ministro do STF já foi filiado ao PSDB, ao PFL (hoje parte do União Brasil) e ao PMDB (atual MDB). Dos tempos do tucanato, ele guardou como aliados os deputados federais Carlos Sampaio (hoje no PSD) e Paulo Alexandre Barbosa (PSDB). Assim como Moraes, “Carlão” também começou a carreira no Ministério Público paulista, e Barbosa foi secretário de Alckmin antes de se eleger prefeito de Santos (SP).

Em 2023, quando Barbosa virou deputado federal, o ministro telefonou para parlamentares tucanos para pedir votos para o amigo na eleição de líder da bancada do PSDB na Câmara, de acordo com políticos que receberam esses telefonemas. O apelo não deu certo, e Adolfo Viana (BA) acabou reeleito.

Apesar do antagonismo com Bolsonaro, o ministro do STF mantém contato com aliados do ex-presidente, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI).

Nogueira se recusou a assinar o pedido de impeachment do ministro no Senado, com o argumento de que a pauta não tem chance de prosperar. Com o gesto, o parlamentar busca se manter como uma ponte entre os dois grupos.

Já Tarcísio se equilibra entre Bolsonaro e Moraes. O governador de São Paulo fez um gesto ao ministro ao consultá-lo sobre a indicação à chefia do Ministério Público paulista. Escolheu Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, que era o terceiro da lista tríplice, mas contava com o apoio do magistrado.

Outro dirigente de partido com quem Moraes mantém relação próxima é o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP). Eles se conhecem desde que o ministro advogava em São Paulo, e a amizade se estreitou quando atuaram juntos contra a proposta do voto impresso.

Nem todas as relações políticas do ministro, contudo, acabaram bem. Ele já foi muito próximo do presidente do PSD, Gilberto Kassab, de quem foi um “supersecretário” na Prefeitura de São Paulo. Eles se desentenderam, Moraes foi demitido e atuou como advogado por quatro anos até voltar à vida pública como secretário da Segurança do governo Alckmin —outro desafeto de Kassab. As informações são da Folha de S. Paulo

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