Quarta-feira, 17 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 16 de setembro de 2025
No próximo sábado (21), o mundo volta suas atenções para a Doença de Alzheimer. A data, criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1994, busca ampliar a conscientização sobre os sintomas, formas de tratamento e a importância do acolhimento às famílias afetadas por essa condição neurológica. Segundo a Associação Internacional da Doença de Alzheimer, a cada três segundos uma pessoa desenvolve demência no planeta. Atualmente, 55 milhões de indivíduos convivem com a enfermidade, que compromete memória, raciocínio e a vida social.
No Brasil, o dia 21 de setembro também é reconhecido como Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer desde 2008. A Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz) estima que 1,2 milhão de brasileiros tenham a doença, embora a maioria dos casos ainda não tenha diagnóstico. A condição é mais frequente em idosos, mas especialistas reforçam que a prevenção deve começar muito antes da velhice.
Pesquisas apontam que a doença está relacionada a fatores de risco não modificáveis, como idade e genética, e a fatores que podem ser prevenidos ou controlados ao longo da vida. Em 2020, a revista científica The Lancet reuniu especialistas para avaliar o impacto desses fatores. O grupo identificou 12 deles, capazes de reduzir em até 40% o risco de demência.
Ainda na infância, a baixa escolaridade tem peso importante, pois limita a chamada “reserva cognitiva”, formada a partir de estímulos intelectuais e culturais. Na vida adulta, destaca-se a perda auditiva não tratada, além de hipertensão, obesidade, traumatismos cranianos e consumo excessivo de álcool. Já na velhice, entram em cena tabagismo, depressão, isolamento social, sedentarismo, poluição do ar e diabetes.
Um estudo recente, conduzido no Brasil pelas pesquisadoras Claudia Suemoto (USP) e Cleusa Ferri (Unifesp), mostrou que aqui o potencial de prevenção pode chegar a 48%, índice superior ao global. No país, a baixa escolaridade aparece como fator de maior impacto, seguida da hipertensão e da perda auditiva. Os dados reforçam a necessidade de políticas públicas que ampliem o acesso à educação e à atenção primária à saúde.
Além da atuação governamental, mudanças individuais de rotina também fazem diferença: praticar exercícios físicos, controlar a pressão arterial e o diabetes, manter a vida social ativa e buscar acompanhamento médico são medidas que reduzem riscos.
A prevenção ganhou novo impulso com o estudo finlandês Finger, que avaliou idosos com fatores de risco, mas sem comprometimento cognitivo grave. Após dois anos de acompanhamento intensivo — com orientação médica, atividades físicas, dieta saudável e treino cognitivo —, os participantes apresentaram melhora de 25% no desempenho mental. O sucesso levou à criação da rede internacional World Wide Fingers, hoje presente em mais de 40 países.
Na América Latina, a pesquisa é financiada pela Alzheimer Association e envolve 12 países. No Brasil, os estudos são conduzidos pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com 1.200 voluntários. A expectativa é que os resultados confirmem a viabilidade de aplicar esse modelo em países de renda média, como o Brasil.
Os especialistas alertam que, em pacientes já diagnosticados, atividades simples como cozinhar, gerenciar finanças ou se deslocar pela cidade podem se tornar difíceis. Por isso, o cuidado com fatores de risco modificáveis é apontado como chave para garantir autonomia e qualidade de vida na velhice.
(Com O Globo)