Domingo, 13 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 31 de janeiro de 2023
A Americanas entrou com um pedido de recurso na Justiça do Rio de Janeiro para que as empresas de energia elétrica e telecomunicações não cortem, por inadimplência, os serviços de suas operações. Na petição, a varejista pede que Enel e Light mantenham o fornecimento do serviço de energia em suas lojas. A empresa pede ainda que a internet não seja cortada por falta de pagamento.
De acordo com especialistas, a varejista precisa mais do que nunca manter sua operação funcionando para conseguir ampliar seu caixa e assim negociar preços e prazos melhores com os fornecedores.
Conforme informações do jornal O Estado de S. Paulo, a empresa tem estimativa de quatro meses de estoque sem o aporte dos acionistas de referência – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.
Em 20 de janeiro deste ano, a companhia entrou com pedido de recuperação judicial, reportando dívidas de R$ 41 bilhões.
A Americanas informou o seguinte sobre a negociação para evitar corte de luz e internet:
“A Americanas informa que está em contato com as concessionárias para que os serviços sejam mantidos e sua operação siga dentro da normalidade. A companhia informa que os valores de débitos vencidos e não pagos com concessionárias até a data do pedido da Recuperação Judicial constituem dívidas que seguirão as exigências do processo, que a impede de efetuar pagamentos cujo evento de origem seja anterior ao início do pedido realizado. Para eventos posteriores ao início da recuperação, os pagamentos acontecerão dentro do previsto. A Americanas reforça seu compromisso na busca de uma solução de curto prazo com os seus credores.”
Caso
A Americanas abalou o mercado recentemente, após anunciar no dia 11 que encontrou inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões ligadas à conta de fornecedores e que o presidente-executivo, Sérgio Rial, decidiu deixar a companhia, poucos dias depois de ter assumido o cargo.
A partir da divulgação da crise, a companhia perdeu mais de R$ 8 bilhões em seu valor de mercado por conta das inconsistências nos balanços da empresa.
No dia seguinte ao da descoberta, Rial declarou que o impacto bilionário da companhia estava relacionado ao “risco sacado, que não era lançado como dívida”. Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o “risco sacado” consiste em uma modalidade de antecipação de recebíveis. Ou seja, “a companhia vendedora emite uma fatura que contempla o prazo a ser financiado pelo banco, porém não reconhece em sua contabilidade a venda pelo valor presente. E com isso apresenta um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) maior”.
A CVM abriu quatro processos administrativos para investigar a Americanas, além de ter recebido uma denúncia contra a companhia. Segundo a assessoria do órgão, os processos ainda estão em fase inicial. O estágio em que se encontram é o de recolher informações e apurar os fatos.