Terça-feira, 29 de abril de 2025

Análise inédita feita a partir de avaliação nacional mostra que 1/4 dos alunos não sabe resolver problemas com porcentagem

Um quarto dos alunos de escolas particulares paulistas termina o ensino médio com conhecimento insuficiente em Matemática. Ou seja, não conseguem determinar a área de um retângulo ou resolver problemas com porcentagem e probabilidade. A quantidade de estudantes no pior nível de aprendizagem (24,5%) em São Paulo é maior do que nas redes privadas dos Estados do Piauí, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.

A tabulação inédita foi feita pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) com base nos microdados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), do Ministério da Educação. A prova é feita por uma amostra representativa de escolas particulares do País e por todos os alunos da rede pública, de 2.º, 5.º e 9.º ano do ensino fundamental e 3.º do médio. Nas estaduais, 59% se formam sem saber o básico de Matemática; são 56% entre paulistas.

Os resultados mostram que pagar mensalidades não é garantia de um ensino de qualidade em muitos lugares. Considerando as médias das redes particulares de todos os Estados, 25% dos alunos têm resultado insuficiente em Matemática e 10% em Português. O Iede usa uma classificação de níveis de aprendizagem (adequado, insuficiente e básico) feita a partir de interpretações de especialistas em avaliação; o MEC apenas divulga o desempenho em uma escala numérica.

Por outro lado, a tabulação mostra que 33% dos alunos de São Paulo estão no nível considerado adequado para Matemática: sabem resolver equações de 2.º grau, fazer operações que envolvam o conceito de lucro ou o Teorema da Pitágoras. No Brasil, esse índice é de 30% nas escolas privadas em geral. Já nas públicas, são apenas 5,2% dos alunos.

“Alunos de famílias ricas têm chance bem maior de chegar a um bom nível de aprendizagem no Brasil, mas, na Matemática, o desafio quase que se universaliza”, diz o diretor executivo do Iede, Ernesto Faria. “A Matemática é desafio na grande maioria das escolas do País, públicas ou privadas.”

Os resultados tabulados agora são de provas de 2023, as mais recentes do Saeb, que é bienal. Segundo análises do Todos pela Educação, a quantidade de alunos no 5.º, 9.º e 3.º ano com aprendizagem adequada melhorou com relação a 2021, mas ainda não atingiu patamares pré-pandemia.

Tanto em Matemática quanto em Língua Portuguesa, quanto mais velhos os estudantes, pior o desempenho. Em Matemática, a quantidade de alunos de escolas particulares que têm desempenho adequado no 5.º ano é de 72%, indo para 49% no 9.º e 30% no 3.º do ensino médio. Na Língua Portuguesa, são 82%, 68% e 66%, respectivamente. O letramento matemático não é só sobre fazer contas, explicam especialistas. Está na análise de dados e na avaliação crítica de informações, habilidades essenciais no mundo atual.

Como mostra um estudo da Fundação Itaú, trabalhadores em ocupações que usam muito a Matemática têm maior nível de escolaridade e menor taxa de informalidade do que a média geral, o que leva a maiores salários. Não investir em Matemática também aprofunda desigualdades: estudantes pretos e pardos se saem pior nas avaliações da disciplina e estão menos representados entre os trabalhadores da área. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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