Quarta-feira, 10 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 9 de setembro de 2025
A anorexia, a bulimia e a compulsão alimentar são os transtornos alimentares mais comuns, com diagnósticos previstos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). Ligados à dificuldade de aceitação da autoimagem, e, em alguns casos, à distorção do que se vê no espelho, esses transtornos vivem sob a pecha de serem “frescura” ou questão de vaidade.
Mas o transtorno alimentar não é necessariamente sinônimo de transtorno de imagem. A psiquiatra Mireille Coelho da Astral (Associação Brasileira de Transtornos Alimentares) explica que o transtorno de imagem se dá quando há uma preocupação excessiva com o peso e com a autoimagem e que gera sofrimento (psíquico e/ou físico). Essa característica pode se manifestar nos três transtornos alimentares mais prevalentes, sendo mais acentuada em pacientes com anorexia nervosa.
Outros transtornos alimentares que não estão necessariamente relacionados a transtornos de imagem são o transtorno alimentar restritivo evitativo (TARE), o transtorno do comer noturno ou a pica. Essas doenças estão baseadas na relação com o alimento em si (aversão a aspectos como textura, aparência e cheiro, ou até um episódio traumático envolvendo determinada comida), no impulso em comer durante a noite –o que não tem a ver com grandes quantidades de comida, como na compulsão–, ou a ingestão de substâncias que não são alimentos (como um sabonete, por exemplo).
“De modo geral, quando o processo da alimentação causa sofrimento, angústia, ou repercussão na saúde física ou psicossocial, é possível dizer que se caracteriza como transtorno alimentar”, diz Mireille. Ela exemplifica comportamentos que podem ser sinais de alerta, como evitar fazer refeições em público ou acompanhado, eliminar grupos alimentares da dieta (como carboidratos ou açúcares), se recusar a sair da dieta mesmo em ocasiões festivas, entre outros.
A nutricionista e criadora de conteúdo, Ana Ribeiro, explica ainda que há os transtornos alimentares não especificados: quando um paciente não fecha todos os critérios diagnósticos dos transtornos descritos no DSM-5. A avaliação do quadro deve ser individualizada e feita pelo médico que o acompanha.
É o caso do transtorno de purgação, por exemplo, em que se faz uso de estratégias para induzir vômito ou diarreia, como remédios laxativos ou diuréticos. Ao contrário da bulimia, não é necessário ter um episódio de compulsão alimentar para desencadear a compensação por meio purgativo.
As comorbidades associadas aos transtornos alimentares geralmente são doenças psiquiátricas como transtorno de ansiedade, de humor, de personalidade e depressão. Além de questões físicas como danos no trato gastrointestinal, amenorréia e problemas cardíacos.
O que todos esses transtornos têm em comum é o sofrimento causado pela questão alimentar e a multifatoriedade. Não há uma resposta simples do porquê uma pessoa possa vir a desenvolver um transtorno alimentar: essas doenças estão associadas a fatores genéticos, bioquímicos e sociais.
“É alguém que tem alguma vulnerabilidade e está sofrendo. A forma com que ela conseguiu lidar com isso, apesar de disfuncional, pode se manifestar por meio de um transtorno alimentar. Como se ela tentasse se expressar para o mundo utilizando a questão alimentar, do corpo. Pode ser uma forma de controle ou uma forma de se preencher”, explica Ana. Com informações da Folha de São Paulo.