Sexta-feira, 03 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 3 de outubro de 2025
Casos de intoxicação por metanol acenderam um alerta sanitário no Brasil e colocaram o governo em uma corrida para garantir o acesso ao fomepizol, medicamento usado como antídoto nesses envenenamentos.
O remédio não está disponível no mercado nacional e, diante da urgência, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) acionou autoridades reguladoras de diferentes países para viabilizar a importação.
Entre os órgãos contatados, estão a FDA (Estados Unidos), a EMA (União Europeia) e as agências de Canadá, Reino Unido, Japão, China, Argentina, México, Suíça e Austrália. O objetivo é acelerar os trâmites para trazer o produto ao Brasil e ampliar as opções de tratamento em hospitais.
O metanol é um álcool usado industrialmente em solventes e outros produtos químicos. O Brasil vem registrando aumento no número de casos de intoxicação por metanol misturado a bebidas alcoólicas adulteradas.
O fomepizol é considerado o tratamento de referência contra o metanol porque age bloqueando a transformação da substância em metabólitos tóxicos, responsáveis por danos graves ao sistema nervoso e ao fígado.
Sem ele, os serviços de saúde precisam recorrer a alternativas, como o uso controlado de etanol grau farmacêutico, que pode retardar o efeito do veneno, mas não é tão seguro nem eficaz.
Para garantir o fornecimento imediato, a agência também publicou um edital de chamamento internacional em busca de fabricantes e distribuidores com estoque disponível. A medida foi tomada após pedido de urgência do Ministério da Saúde.
Além da corrida pelo antídoto, três laboratórios – o Lacen/DF, o Laboratório Municipal de São Paulo e o INCQS/Fiocruz – foram mobilizados para analisar amostras suspeitas de bebidas adulteradas. As fiscalizações em campo já começaram em diferentes Estados, em parceria com as vigilâncias sanitárias locais.
Enquanto aguarda a chegada do medicamento, a orientação à população é de que, em caso de suspeita de intoxicação, ligue para o Disque-Intoxicação (0800-722-6001), serviço que reúne 13 centros especializados no País.
Por não ter cheiro, cor ou sabor característicos, o metanol pode ser misturado ilegalmente a bebidas sem que o consumidor perceba. Quando ingerido, o organismo o processa no fígado, onde se transforma em substâncias altamente tóxicas, como o ácido fórmico.
Os efeitos aparecem rapidamente: visão borrada, tontura, dor abdominal, respiração acelerada e, em casos mais graves, cegueira irreversível, falência de órgãos e morte. A gravidade depende da quantidade ingerida e da rapidez do atendimento médico, já que o tratamento é considerado uma corrida contra o tempo.