Sábado, 02 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 2 de agosto de 2025
O brasileiro está mais interessado pela internet e pelas redes sociais do que pelos livros, de acordo com a 6ª edição da obra “Retratos da Leitura no Brasil”, produzida e distribuída pelo Instituto Pró-Livro. A pesquisa mostra que 81% da população do país usa o tempo livre na internet, enquanto somente 20% informam ler livros no tempo livre.
Esses números representam uma queda em comparação ao cenário em 2015: naquela época, apenas 50% afirmava passar o tempo livre na internet, enquanto 24% liam livros no período de ócio.
O obra “Retratos da Leitura no Brasil 6” reúne análises de 18 especialistas sobre a queda nos índices de leitura no país. Entre as alegações apresentadas por quem está mais conectado na internet, “não ter paciência para ler”, “não ter tempo” ou “não gostar de ler” são as principais.
Além disso, segundo a pesquisa, é nos segmentos de nível superior, melhor poder aquisitivo e no público acima de 14 anos que estão os maiores percentuais de quem usa o tempo livre na internet e nas redes sociais: 91% têm nível superior – entre estes, somente 35% declararam ler livros no tempo livre. O percentual também fica acima de 90% na faixa etária 14 a 39 anos, em que identificamos queda de cerca de 5 pontos percentuais em leitores.
A pesquisa também confirma um cenário preocupante: pela primeira vez desde 2007, quando se deu início à série histórica, o Brasil tem mais não leitores (53%) do que leitores (47%). Segundo a obra, os não leitores são aqueles que não leram nem um trecho de livro — impresso ou digital –, de qualquer gênero, nos últimos três meses.
Segundo a pesquisa, entre os não leitores, 6% são analfabetos ou declaram não sabe ler, e 17% estão cursando ou cursaram até a 4ª série do Ensino Fundamental, faixa em que as práticas de leitura ainda não estão devidamente consolidadas.
Além disso, 36% dos entrevistados declararam ter alguma dificuldade para leitura, como não compreender o que leem ou dificuldade de concentração. Outros 26% afirmam não ter paciência para ler. Somente 38% afirmam não ter nenhuma dificuldade, um percentual menor em comparação aos 48% em 2007.
A taxa de não leitores que não gostam de ler subiu de 22% para 29%, e o número de pessoas que dizem gostam um pouco de ler caiu de 31% para 26%. Outro ponto identificado pela pesquisa foi a pouca valorização da leitura, com 46% afirmando não ter tempo para ler.
Já os leitores são aqueles que leram até mesmo um trecho de um livro — impresso ou digital — de qualquer gênero, em um período de três meses anteriores à pesquisa. O levantamento identificou que, em 2024, somente 47% da população com mais de 5 anos pode ser classificada como leitora, mesmo a definição sendo abrangente.
“É fundamental criar muito ‘barulho’ para que os resultados da pesquisa sejam ouvidos por quem tem o poder de propor políticas públicas e investir em ações efetivas para transformar esse país em um país de mais leitores críticos, autônomos e que compreendem o que leem”, avalia Zoara Failla, coordenadora de pesquisa e organizadora da obra no capítulo de introdução do livro. (Com informações do portal de notícias CNN Brasil)