Por Redação do Jornal O Sul | 23 de novembro de 2025
Pouco mais de duas semanas depois de mandar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “aumentar o volume” em um discurso, o prefeito eleito de Nova York, Zohran Mamdani, esteve frente a frente com o republicano a quem havia criticado duramente durante a campanha para comandar a maior cidade norte-americana. O encontro teve elogios e promessas de cooperação.
A iniciativa foi de Mamdani, autodeclarado “socialista democrático”, e antecedeu uma intensa temporada eleitoral que pode ter os dois políticos como protagonistas. Trump declarou a jornalistas após a reunião, realizada no Salão Oval da Casa Branca, na capital Washington:
“Quero parabenizá-lo, acho que a cidade terá um prefeito excelente, assim espero. Quanto melhor ele se sair, mais feliz eu ficarei. Mamdani é diferente. Ele tem a chance de realmente fazer algo grandioso por Nova York.
O prefeito eleito afirmou que ambos foram transparentes sobre suas diferenças políticas, mas disse que o foco da reunião foi o “objetivo compartilhado” de trabalhar pela população de Nova York, e não em suas divergências, e classificou o encontro como “produtivo”:
“Posso afirmar que houve mais novaiorquinos que votaram no presidente Trump na última eleição presidencial devido ao foco no custo de vida. E estou ansioso para trabalharmos juntos para concretizar essa agenda de acessibilidade”.
Quando uma repórter perguntou a Mamdani se ainda acredita que Trump é um fascista, conforme o teor de alguns dos dircursos durante a campanha, o presidente o interrompeu antes que começasse a responder. Com a mão sobre um dos braços do futuro chefe do Executivo da “Big Apple”, contemporizou: “Está tudo bem… Ele pode dizer isso”.
“Vacinado” contra armadilhas
Para evitar armadilhas, Mamdani, 34 anos, passou boa parte da semana se preparando com o apoio da governadora de Nova York, Kathy Hochul, do líderes democratas na Câmara, Hakeem Jeffries, e no Senado, Chuck Schumer, e do reverendo Al Sharpton, um líder da defesa dos direitos civis. Aliados dizem que ele estava pronto para a conhecida hostilidade do presidente (que não poupou nem líderes estrangeiros como o presidente da Ucrânia) e apontaram que o jovem democrata tinha truques na manga.
No final das contas, a palavra “civilizado” foi a que melhor definiu o encontro, até em temas espinhosos, como a segurança pública: Trump já ameaçou enviar a Guarda Nacional para Nova York para enfrentar o que ele considera ser “uma explosão da criminalidade”, por ele atribuída aos democratas.
“Acho que temos assassinos conhecidos, traficantes de drogas conhecidos e algumas pessoas muito ruins — disse Trump. Na verdade, talvez mais do que qualquer outra coisa, Mamdani quer uma Nova York segura. Podemos falar sobre qualquer coisa que você quiser, mas se não tivermos ruas seguras, não vai ser um sucesso. Então, vamos trabalhar juntos”.
Sobraram menções elogiosas até ao senador independente Bernie Sanders, considerado uma das vozes mais progressistas da oposição a Trump. O presidente frisou:
“Sanders e eu concordávamos em muito mais coisas que as pessoas imaginavam. E quando ele foi eliminado da corrida presidencial de 2020, o que eu acho que foi bastante injusto, muitos de seus eleitores votaram em mim”.
Em público, Mamdani tratava o diálogo no nível institucional, mesmo sabendo que será um alvo preferencial dos republicanos nas eleições do ano que vem, quando a Câmara e parte do Senado estarão em jogo. Ele e Trump não serão candidatos, mas suas influências na disputa, guardadas as devidas proporções, podem ser determinantes:
“Não se trata de algo sobre mim, afinal não é um relacionamento com um indivíduo. Trata-se de um relacionamento entre a cidade de Nova York e a Casa Branca”. (com informações de O Globo)
