Sexta-feira, 13 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 8 de fevereiro de 2022
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central considerou mais adequado não sinalizar a magnitude dos próximos ajustes na Selic, a taxa básica de juros, em razão da incerteza sobre preços de commodities e outros ativos importantes, além do estágio do ciclo de aperto monetário.
A avaliação foi publicada nesta terça-feira (8), na ata da reunião da semana passada, que levou a Selic a 10,75% ao ano, com alta de 1,5 ponto percentual. Na ocasião, o BC (Banco Central) indicou que vai reduzir o ritmo de elevação dos juros daqui em diante, mas não especificou a magnitude dos próximos ajustes.
O J.P. Morgan agora projeta uma alta adicional de 0,50 ponto percentual da taxa Selic em maio, além do aumento de 1 ponto do juro básico em março, tendo elevado a previsão de juro terminal de 11,75% para 12,25%.
“Dado que o Copom do Banco Central considera, em ata da última reunião, ‘ajustes adicionais’ na taxa Selic nas ‘próximas reuniões’ e uma trajetória de juros acima do cenário de referência, o colegiado sinaliza que o ciclo de aperto provavelmente não só não terminará em março, mas também que a taxa terminal provavelmente será superior a 12%.” A avaliação é do chefe de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos.
Segundo Ramos, os sinais do Copom também podem significar que a Selic terminal poderia ser de 12%, mas mantendo-se nesse nível por mais tempo do que o mercado atualmente prevê.
Ele aponta que, enquanto no cenário base do mercado do Boletim Focus, a inflação converge para a meta até o final de 2023, o Copom entende que a evolução fiscal traz o risco de desencoragem de expectativas de prazos mais longos e, portanto, mantém um viés de alta para as projeções em seu cenário de referência.
“Dessa forma, considerando esse viés (perfil de risco assimétrico para cima), as projeções do próprio Copom (e não as projeções de base de mercado) estão acima da meta para o final de 2023. Diante desse cenário, o Copom julga novamente que ‘o ciclo de aperto monetário deve ser mais restritivo do que o utilizado no cenário base em todo o horizonte relevante’”, pontua Ramos.
O profissional do Goldman aponta que, em outro desenvolvimento “hawkish”, o Copom é bastante explícito ao julgar que “políticas fiscais que têm efeito baixista de curto prazo sobre a inflação podem levar a prêmios de risco mais altos, aumentar as expectativas de inflação e, consequentemente, ter um impacto de alta sobre a inflação futura”.