Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Após Bolsonaro vetar distribuição gratuita de absorventes, tema ganha repercussão nas redes sociais

Após o presidente Jair Bolsonaro vetar, nesta quinta-feira (7), a distribuição gratuita de absorventes femininos, o assunto ficou entre os mais comentados nas redes sociais. No Twitter, através das hashtags #DignidadeMenstrual e #LivreParaMenstruar, os internautas explicam sobre pobreza menstrual e pedem para que o Congresso Nacional derrube o veto.

A lei beneficiaria estudantes de baixa renda de escolas públicas, mulheres em situação de rua ou de vulnerabilidade extrema, e presidiárias e internadas em unidades para cumprimento de medida socioeducativa.

“Bolsonaro vetou a distribuição gratuita de absorventes! Decisão insensível que prejudica milhares de brasileiras que não podem menstruar em segurança, muitas vezes tendo que usar folhas de jornal e até miolo de pão, por não terem absorventes”, publicou a página Mudando Fluxos, que faz doação de absorventes. “É inadmissível um governo que não se preocupa com a nação, vetar a distribuição gratuita de um absorvente é o cúmulo, muitas meninas sequer têm acesso ao requisito básicos de higiene”, disse uma internauta.

Perfis de instituições sociais, famosos e políticos também comentaram com indignação o ocorrido. A ONG Girls Up tentou tranquilizar seus seguidores nas redes, afirmando que, apesar da decisão de Bolsonaro, as leis estaduais de doação de absorvente não foram alteradas e continuarão beneficiando mulheres em vulnerabilidade. A organização ressaltou que somará forças na luta pela implementação integral da lei federal.

A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP), foi uma das parlamentares a se pronunciar: “O veto quase que integral de Bolsonaro ao PL dos Absorventes é um atentado à dignidade das meninas e mulheres mais vulneráveis. Todos precisam se posicionar contra esse absurdo. É urgente que o Congresso derrube esse veto!”, escreveu.

O argumento usado por Jair Bolsonaro para a não implementação da lei foi que o Congresso não previu fonte de custeio para essas ações. No entanto, o texto do projeto aprovado dizia que o dinheiro seria destinado pela União ao Sistema Único de Saúde (SUS) e, para as presidiárias, pelo Fundo Penitenciário Nacional. Agora, o Congresso pode decidir manter ou derrubar vetos presidenciais. O prazo para essa avaliação é de 30 dias após a publicação do veto no Diário Oficial.

A grande mobilização em torno da causa se deve aos dados recentes divulgados por instituições como a Organização Mundial da Saúde, Always e Toluna, que apontam que, no Brasil, uma em cada quatro mulheres já faltou à aula por não poder comprar absorventes. Entre elas, 48% ainda afirmaram que tentaram esconder que o motivo foi a falta de absorventes e 45% acreditam que não ir à escola por falta de absorventes impactou negativamente o seu aprendizado.

Outro estudo do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estima que aproximadamente 713 mil meninas brasileiras vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em seu domicílio e mais de 4 milhões não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas. Sem condições de higiene, mulheres recorrem ao uso de jornais, miolo de pão e tecidos que podem causar danos à saúde.

De acordo com o relatório da UNFPA, a pobreza menstrual está relacionada não apenas à falta de acesso a absorventes, mas também às boas condições de saneamento básico, água e infraestrutura de higiene na casa e na escola, e à desinformação sobre o tema. As mais afetadas pelo problema são mulheres de baixa renda e de extrema vulnerabilidade social.

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