Domingo, 03 de agosto de 2025

Após dados fracos de emprego nos Estados Unidos, Trump demite chefe das estatísticas

O presidente americano Donald Trump anunciou nesta sexta-feira (1º) ter demitido a líder de estatísticas do Departamento do Trabalho dos EUA, Erika McEntarfer, a quem acusa de manipular os números de empregos divulgados pela instituição.

“Precisamos de números de emprego precisos. Ordenei à minha equipe que demitisse essa indicada política de Biden, IMEDIATAMENTE. Ela será substituída por alguém muito mais competente e qualificado”, publicou Trump em sua rede Truth Social.

A demissão ocorre horas após dados da instituição mostrarem que o crescimento do mercado de trabalho americano foi mais fraco do que o esperado em julho, apontando para uma forte moderação no mercado de trabalho.

Segundo relatório do Departamento do Trabalho, a criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos ficou bem abaixo das projeções no último mês de julho: foram abertos 73 mil postos, ante expectativa de 110 mil. A taxa de desemprego subiu de 4,1% para 4,2%.

Além dos dados do emprego de julho, o Departamento do Trabalho revelou nesta sexta uma revisão dos dados do mês de junho. Em vez de 147 mil vagas, como reportado anteriormente, foram criadas apenas 14 mil. A taxa de desemprego nos EUA também subiu de 4,1% para 4,2% em julho.

O episódio aumenta ainda mais as preocupações já existentes sobre a qualidade dos dados econômicos divulgados pelo governo federal. Não há evidências que sustentem as alegações de manipulação por parte da Bureau of Labor Statistics (BLS), a agência estatística que compila o relatório de emprego, bem como os índices de preços ao consumidor e ao produtor.

Revisões para baixo

O relatório também revisou para baixo os dados dos meses anteriores, que mostraram 258 mil empregos a menos em maio e junho do que os dados inicialmente reportados. A taxa de desemprego subiu para 4,2% em julho, e o país criou apenas 73 mil novas vagas no mês — abaixo das expectativas dos analistas.

Os números de meses anteriores também foram revisados para baixo: maio registrou 19 mil vagas e junho, apenas 14 mil — os piores resultados desde a pandemia de covid-19.

“Foi um relatório de emprego mais fraco do que o mercado esperava. As revisões negativas de 258 mil vagas e o aumento na taxa de desemprego recolocaram a possibilidade de um corte de juros em setembro na mesa”, dizem Ian Lyngen e Vail Hartman, estrategistas do BMO Capital Markets, em nota.

Corte de pessoal

Um funcionário da administração Trump, que pediu anonimato, disse que, embora todos os dados econômicos tenham certa variação, a Casa Branca está insatisfeita com o tamanho das revisões recentes e com a queda nas respostas às pesquisas. O problema, segundo ele, começou durante a pandemia de COVID e não foi resolvido desde então.

“Existem esses problemas subjacentes que estão se acumulando há anos e que não foram corrigidos”, disse o funcionário. “Os mercados, as empresas e o governo precisam de dados precisos e, tipo, simplesmente não estávamos recebendo isso.”

A agência estatística já reduziu a coleta de dados para os relatórios de preços ao consumidor e ao produtor, alegando limitações de recursos. A pesquisa de emprego é baseada em cerca de 121 mil empresas e agências governamentais, representando aproximadamente 631 mil locais de trabalho.

A taxa de resposta caiu de 80,3% em outubro de 2020 para cerca de 67,1% em julho, segundo dados da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas dos Estados Unidos.

Uma pesquisa da Reuters no mês passado revelou que 89 de 100 principais especialistas em políticas tinham ao menos alguma preocupação com a qualidade dos dados econômicos dos EUA, com a maioria também preocupada com a falta de ação urgente das autoridades para enfrentar o problema.

Além das preocupações com os dados de emprego, cortes de pessoal no BLS também resultaram em redução na abrangência da coleta de dados para o Índice de Preços ao Consumidor — um dos indicadores mais importantes da inflação nos EUA, acompanhado de perto por investidores e formuladores de políticas ao redor do mundo. As informações são de O Globo, Folha de S. Paulo e G1

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