Segunda-feira, 01 de dezembro de 2025

Após o Senado derrubar uma série de vetos presidenciais e diante do risco de a escolha de Jorge Messias para o Supremo ser rejeitada, Lula avalia entregar pessoalmente indicação de Messias e Alcolumbre

Confrontado com um ambiente hostil no Senado, que derrubou uma série de vetos presidenciais e ameaça rejeitar a indicação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia fazer um “gesto de pacificação” para aparar as arestas com Davi Alcolumbre (União Brasil-AP): entregar pessoalmente ao presidente do Congresso a “mensagem ao Senado” em que comunica formalmente a indicação de Messias para a Corte.

“Não se trata de Lula descer um degrau, mas sim de elevar o presidente do Senado”, diz um aliado de Messias, que acompanha de perto as movimentações nos bastidores da Casa. Até mesmo cabos eleitorais que estão engajados diretamente na aprovação de Messias admitem reservadamente que, hoje, ele não tem os 41 votos necessários para confirmar a sua indicação no plenário.

No entorno de Alcolumbre, que já foi informado da intenção de Lula, o gesto tem sido interpretado como um “sinal de que Lula quer conversar” para tentar superar a resistência não só de Alcolumbre, mas de uma ala expressiva da Casa que preferia a escolha do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga aberta com a aposentadoria antecipada de Luís Roberto Barroso.

“Com certeza, não se recusa agenda ao presidente da República. Sobretudo se Lula pedir pra ir na residência oficial do Senado”, afirma um interlocutor de Alcolumbre ouvido reservadamente pelo blog, frisando no simbolismo de Lula ir até Alcolumbre, e não o contrário.

A “mensagem ao Senado” é um instrumento formal usado pelo chefe do Poder Executivo para se comunicar com o Poder Legislativo, inclusive para informar sobre a indicação do STF — algo que ainda não foi feito pelo Planalto ao Senado. Isso acirrou os ânimos no Senado e foi visto no entorno de Alcolumbre como uma possível manobra de Lula de impedir a realização da sabatina de Messias no próximo dia 10.

Ameaça

A sabatina e a votação de Messias no plenário foram marcadas para o próximo dia 10, como uma estratégia de Alcolumbre para não dar ao ministro da AGU tempo suficiente para mobilizar lideranças evangélicas, integrantes do governo e até mesmo ministros do Supremo para contornar a resistência ao seu nome.

Na prática, Alcolumbre deu um intervalo de apenas 15 dias para Messias fazer a peregrinação pelo Senado e angariar apoios à sua indicação.

Um interlocutor de Alcolumbre ouvido reservadamente pelo blog afirmou que o presidente do Senado “não quer cometer o mesmo erro” em que teria incorrido quando da indicação de André Mendonça para o STF, em 2021.

Naquela ocasião, Alcolumbre colocou Mendonça em banho-maria por quatro meses e adiou o agendamento da sabatina, o que deu tempo de sobra para ele procurar senadores, mobilizar aliados e virar votos para garantir a aprovação – ainda que por um placar apertado, de 47 votos favoráveis, apenas seis a mais que o necessário.

Mendonça está ajudando Messias a reduzir a rejeição no Senado, principalmente na tropa de choque bolsonarista e na ala da oposição que o vê como “quadro ideológico do PT” e “homem de confiança do Lula e da Dilma”.

Os dois são evangélicos – Messias é membro da Igreja Batista, enquanto Mendonça é pastor da Igreja Presbiteriana. (Coluna de Manu Gaspar do portal O Globo).

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Manobra do Senado pode permitir sabatina de indicado por Lula para ministro do Supremo mesmo sem mensagem presidencial
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