Quinta-feira, 06 de novembro de 2025

Após operação da Polícia Federal identificar que o suposto esquema de espionagem ilegal da Abin mirou autoridades, governistas passaram a defender a divulgação da lista daqueles que tiveram dados expostos

Após operação da Polícia Federal (PF) identificar que o suposto esquema de espionagem ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) mirou autoridades, governistas passaram a defender a divulgação da lista daqueles que tiveram dados expostos. O grupo pretende pressionar os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a pedirem à Justiça a divulgação de informações do inquérito à sociedade, considerando que milhares de pessoas podem ter sido vítimas da invasão.

Membros da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI), no entanto, foram mais contidos ao comentar a situação de um de seus integrantes, o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Abin durante o governo Jair Bolsonaro. Na quinta-feira (25), Ramagem foi alvo de mandados de busca e apreensão em seu gabinete e na sua residência por suspeita de envolvimento no caso.

Futuro presidente da CCAI, com posse prevista para fevereiro, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) evitou citar Ramagem nominalmente ao comentar o tema em suas redes sociais, mas não poupou críticas à Abin.

“Já alertei que o Brasil nunca teve um órgão de inteligência a serviço do Estado e da Democracia. Sempre foi um pântano de arapongagem política. Vou requisitar a íntegra do gravíssimo inquérito que gerou a operação de hoje. São muitos os responsáveis”, disse Renan.

O senador alagoano é um dos críticos à permanência do atual diretor-adjunto da Abin, Alessandro Moretti, que é ligado a Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, que é acusado de envolvimento com os ataques de 8 de janeiro. Sobre Ramagem, no entanto, o parlamentar disse a pessoas próximas que prefere aguardar o avanço das investigações na Justiça.

Atual presidente da CCAI, o deputado Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP) pretende reunir os integrantes do colegiado para debater a situação. Ao longo do ano, a comissão fez uma investigação paralela sobre o uso do software “FirstMile”, desenvolvida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint) e usado pela Abin. Como integrante, Ramagem teve acesso a todos os dados.

A presidência da CCAI mudará a partir de fevereiro, mas a composição dos membros não. Eles têm mandato de dois anos. Ramagem foi indicado pelo líder da minoria na Câmara, Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Uma das cotadas para assumir o cargo neste ano no lugar de Eduardo é a deputado Bia Kicis (PL-DF), que tem simpatia por Ramagem e o defendeu publicamente. Para Kicis, a operação da PF foi um “total desrespeito ao Parlamento”.

Por parte dos governistas que compõem a CCAI, ainda não há mobilização para tentar retirar Ramagem do colegiado.

Os desdobramentos da operação também geraram um embate público entre o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e Rodrigo Pacheco. À Folha de S.Paulo, Costa Neto chamou Pacheco de “frouxo” diante dos mandados cumpridos pela PF. O senador reagiu dizendo que Costa Neto “passa pano” para o Supremo Tribunal Federal (STF) nos bastidores. Aliados do presidente do PL avaliam que a operação busca “estrangular o bolsonarismo” e tenta fragilizar candidaturas de políticos da direita nas disputas municipais, entre elas, a do próprio Ramagem, que tem seu nome apresentado para a corrida pela prefeitura do Rio.

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