Domingo, 19 de outubro de 2025

Após silêncio, entorno de Bolsonaro vê recado de que o coronel Cid pode considerar fazer delação

O motivo oficial para o silêncio do tenente-coronel Mauro Cid durante depoimento à Polícia Federal (PF) é que a defesa dele não teve acesso ao resultado da perícia no celular e em outros itens apreendidos na operação que levou à sua prisão.

No entanto, pessoas no entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estão preocupadas com a postura do ex-ajudante de ordens. Eles acreditam que o silêncio pode significar que houve uma mudança de rota e que Cid pode estar cogitando fazer uma delação premiada – sinal que se soma ao fato de Bernardo Fenelon, especialista nesse tipo de colaboração, ter sido nomeado para fazer sua defesa após a saída de Rodrigo Roca, ligado à família Bolsonaro.

Aliados de Bolsonaro esperavam que Cid assumisse que fraudou o próprio cartão de vacinação, o da esposa e o da filha. O ex-ajudante de ordens deveria alegar motivo pessoal, destacando que tem pessoas próximas que moram no exterior, demandando visitação frequente. Entretanto, ele teria receio de tomar a vacina contra a covid – requisitada para ingressar nos outros países – e, assim, articulou a falsificação dos documentos.

O tenente-coronel foi preso no começo de maio em investigação que apura fraude nos cartões de vacina do ex-presidente, da filha dele e de outras pessoas de seu entorno. O depoimento da esposa de Cid, Gabriela Santiago Ribeiro Cid, está previsto para esta sexta-feira (19).

Fraude

Mensagens extraídas do celular do ex-ajudante pela Polícia Federal (PF) revelaram conversas dele com a esposa em que eles colocam em dúvida os imunizantes. Diversos especialistas já atestaram a segurança e eficácia das vacinas utilizadas contra a covid.

Era esperado pelos aliados que ele confessasse o crime de menor potencial ofensivo (falsificação de documentos) e talvez cumprisse uma pena leve com um acordo. Porém, quando fosse indagado pela PF sobre o cartão de Bolsonaro, ele se afastaria.

A avaliação é de que o volume de provas contra Mauro Cid, principalmente em relação às falsificações de registros para ele a família, é grande, o que torna muito difícil não haver condenação.

Em depoimento à PF na terça-feira (16), o ex-presidente disse que, se o ex-ajudante de ordens arquitetou a fraude, o fez “à revelia”. Bolsonaro afirmou também que não tinha qualquer conhecimento sobre o esquema e que não deu orientação a Cid para isso.

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