Sábado, 08 de novembro de 2025

Argentina precisa deixar de ser “mendigo crônico da dívida” e voltar a crescer, diz ministro da Economia que ganhou eleições presidenciais no 1º turno

Multilateralismo versus rompimento de laços diplomáticos. O candidato peronista à presidência da Argentina, Sergio Massa, situou sua visão das relações exteriores no extremo oposto da de seu rival, o ultradireitista Javier Milei.

“O que o mundo espera da Argentina é equilíbrio, racionalidade e certeza. O que o mundo espera da Argentina é temperança, multilateralismo e previsibilidade”, disse Massa em uma coletiva de imprensa com correspondentes estrangeiros, a primeira realizada após sua vitória no primeiro turno da eleição presidencial no domingo, com 36,7% dos votos, em comparação com os 30% de Milei.

Massa colocou o economista ultraliberal no outro extremo, o da imprevisibilidade, considerando-o um líder que “propõe o rompimento do Mercosul, o rompimento dos acordos com a China, o rompimento com a Santa Sé sendo o Papa argentino, todas as coisas que não têm nada a ver com nossa idiossincrasia e com os valores que o cidadão argentino representa”. Se chegar à Casa Rosada, Massa prometeu que uma de suas prioridades seria aumentar as exportações de bens e serviços argentinos.

O candidato peronista foi particularmente duro com a proposta de Milei de romper com o Mercosul, o bloco econômico do qual a Argentina faz parte juntamente com o Brasil, o Uruguai e o Paraguai. Durante a campanha eleitoral, o economista ultraliberal foi a favor de “eliminar o Mercosul porque é uma união aduaneira defeituosa que prejudica os bons argentinos”. Na entrevista coletiva, Massa advertiu que essa medida teria um impacto muito negativo sobre o mercado de trabalho.

“Em termos da indústria automotiva, isso significa perder 150 mil empregos. Em termos do setor agroflorestal, isso representa a perda de 68 mil empregos”, declarou.

Gustavo Martínez Pandiani, assessor de relações exteriores de Massa, acrescentou que cerca de 1.500 pequenas e médias empresas dependem do comércio com o Brasil e que isso precisa aumentar, não diminuir.

Caso se torne presidente da Argentina, Massa diz que impulsionará o comércio internacional com os principais parceiros, China e Brasil, mas também buscará crescer em mercados como o Sudeste Asiático, os países árabes e a África.

“A Argentina precisa deixar de ser um mendigo crônico da dívida e se tornar uma fornecedora de mão de obra. E isso, eu diria, é a coisa mais importante que assumirei como presidente. Minhas duas agendas serão focadas no trabalho para vender a Argentina ao mundo e na luta contra a insegurança para viver em um país com paz e ordem.”

Otimismo para 2024

O ministro da economia traçou um cenário otimista para 2024, o primeiro ano do sucessor de Alberto Fernández à frente da Argentina. De acordo com suas previsões, as exportações aumentarão entre US$ 30 bilhões e US$ 40 bilhões, em grande parte devido à recuperação do campo após a seca histórica da última temporada e às exportações de gás. Se a previsão se concretizar, a entrada de moeda estrangeira permitirá reduzir as restrições às importações e à compra de dólares que estão em vigor atualmente.

Mesmo que o campo volte a produzir plenamente, o novo presidente terá que renegociar mais uma vez a dívida contraída em 2018 com o Fundo Monetário Internacional, dada a impossibilidade de pagá-la nos prazos acordados. Caso chegue à Casa Rosada, Massa antecipou que buscará negociar com o FMI um programa “associado ao crescimento e ao desenvolvimento” da Argentina.

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