Quarta-feira, 24 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 24 de setembro de 2025
Entre as quatro vítimas que morreram após a queda de um avião de pequeno porte no Pantanal do Mato Grosso do Sul, está o renomado arquiteto chinês Kongjian Yu, de 62 anos. O acidente aconteceu na cidade de Aquidauana, na noite de terça-feira (23).
Reconhecido globalmente por propor soluções inovadoras em planejamento urbano sustentável, Yu criou o conceito de “cidades-esponja”, adotado como política nacional na China em 2013. A iniciativa utiliza infraestrutura verde para criar áreas alagáveis, além de instalar pavimentos permeáveis, de forma a depender menos dos sistemas de drenagem tradicionais.
O conceito, que surgiu na China como uma resposta às inundações, adapta a arquitetura paisagística para que ela consiga absorver as águas das enchentes e, posteriormente, devolvê-las para rios e oceanos.
Kongjian disse que, no Brasil, seria possível adaptar capitais como Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre ao modelo de construção sustentável. “Vejo o Brasil como a última esperança para salvar o planeta”, afirmou Yu neste mês em passagem pelo País.
O modelo se baseia em um conjunto de medidas que transformam a infraestrutura urbana. Entre as principais, estão:
– Parques alagáveis: áreas verdes projetadas para ficar parcialmente inundadas durante as cheias. No período seco, funcionam como espaços de lazer e convivência. Muitas vezes, têm passarelas elevadas e vegetação nativa capaz de reter água e favorecer a biodiversidade.
– Telhados verdes: jardins instalados no topo de prédios. Eles reduzem o volume de água que vai para os bueiros, ajudam a refrescar as cidades e ainda filtram o ar. O desafio é estrutural: muitos edifícios precisam ser reforçados para receber o peso adicional.
– Calçamentos permeáveis: pisos porosos que permitem infiltração da água da chuva no solo. Em Copenhague e em cidades chinesas, foram criados espaços públicos com esse tipo de tecnologia, que absorve e libera a água lentamente.
– Praças-piscina: áreas esportivas ou de lazer que se transformam em reservatórios temporários em dias de tempestades. Em Roterdã, na Holanda, a praça Benthemplein foi projetada para receber milhões de litros de água, que são liberados gradualmente de volta ao subsolo.
Outras vítimas
Além do arquiteto, os cineastas brasileiros Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Jr. e o piloto e dono da aeronave, Marcelo Pereira de Barros, morreram no acidente.