Quinta-feira, 13 de novembro de 2025

As importações de diesel russo dispararam no Brasil em 2023

As importações de diesel russo dispararam no Brasil em 2023. Levantamento da consultoria de preços Argus aponta que mais de um quarto (25,6%) de 1,5 bilhão de litro importado veio da Rússia.

A previsão de analistas é que esse fluxo se intensifique devido aos descontos dados pelos russos. O abatimento tem chegado a US$ 0,20 por galão (cerca de 3,8 litros) em cima do diferencial praticado pelo mercado, que tem como base os preços dos contratos futuros negociados na Bolsa de Nova York. Em média, o galão custa por volta de US$ 2,44. “Isso (a diferença) dá quase R$ 25 por metro cúbico ou R$ 0,25 por litro”, diz Sérgio Araújo, da Associação Brasileira de Importadores de Combustível (Abicom), que vê a diferença como “muito expressiva”.

Com a guerra na Ucrânia, os russos tentam ganhar novos mercados por causa das sanções do seu cliente mais tradicional, a União Europeia (UE).

O redirecionamento das cargas do combustível russo acontecia desde meados de 2022, explica o especialista de combustíveis da Argus, Amance Boutin, mas se intensificou a partir de fevereiro de 2023, quando o embargo aos derivados de petróleo da Rússia começou oficialmente. O diesel russo, que no passado era destinado quase totalmente à Europa, passou a atender a Turquia e a países da Ásia, da África e da América Latina, incluindo o Brasil.

Mais conservadores, os dados oficiais do Ministério da Indústria e Comércio de março apontam 18,53% de diesel da Rússia no total das importações brasileiras do produto. Em fevereiro, essa fatia foi de 13,9%. Apesar das diferenças, tanto os porcentuais do governo quanto os da Argus indicam uma explosão na importação do combustível russo. Até pouco tempo atrás, esse fluxo era irrelevante.

A diferença entre os dados, explica Boutin, deve-se aos transbordos de volumes durante o trajeto. Parte do combustível refinado na Rússia acaba internalizada por outros países que não têm parque de refino, o que muda sua origem oficial no caminho até o Brasil. Alguns desses países intermediários estão na costa atlântica da África, no Golfo da Guiné, como Togo e Benin.

Segundo Boutin, a maior parte do diesel russo tem entrado no País pelo porto de Paranaguá (PR), em função de um déficit temporário de produto nacional relacionado a uma parada para manutenção na refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), da Petrobras.

Historicamente, o Brasil importa até 30% do diesel que consome. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2022, essa parcela foi de 27,86% do total ou 15,8 bilhões de litros.

A maior parte dessa importação (57,5% ou 9,1 bilhões de litros) veio dos Estados Unidos. No mesmo período, somente 0,7% (121 milhões de litros) veio da Rússia, participação que deve saltar neste ano.

Para efeito de comparação, em março, segundo o governo, a parcela do diesel importado de origem russa (18,5%) ainda ficou atrás, mas já se aproximou do volume embarcado dos EUA e da Índia, que responderam por 28% e 27%, respectivamente, das compras nacionais do combustível.

A ANP ainda não divulgou dados de importação de combustíveis em 2023. Mas dados do governo mostram que “óleos combustíveis de petróleo ou minerais betuminosos exceto óleos brutos”, na qual está o diesel, representam 34% da pauta de itens importados da Rússia pelo Brasil no ano, ante 14% em 2022 inteiro.

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