Sexta-feira, 04 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 10 de fevereiro de 2023
Compreender e debater o futuro da economia gaúcha. Esse foi o propósito que reuniu centenas de pessoas nesta quinta-feira (09) na sede social da Sociedade dos Amigos do Balneário de Atlântida (Saba), em Xangri-Lá, durante a realização do fórum “O Rio Grande Pujante”. A iniciativa da Rede Pampa congregou lideranças de diversos setores, além do governador Eduardo Leite e seu vice, Gabriel Souza, com o objetivo de apresentar um panorama do Rio Grande do Sul frente aos novos desafios da economia nacional.
Na abertura do evento, o vice-governador destacou a educação como a prioridade do estado neste mandato, pauta que, segundo ele, está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico. “Para maior produtividade, precisamos de mão de obra qualificada. O capital humano é a grande riqueza do século 21, mesmo em tempos de modernização e indústria 4.0. Precisamos capacitar os trabalhadores para inseri-los no novo mercado que já se faz presente”, comentou Gabriel Souza.
Já o presidente do Banrisul, Claudio Coutinho, falou sobre a importância das práticas sustentáveis e da inovação para a conquista de crédito e novos investimentos por parte das empresas. E colocou a instituição à disposição: “Nós estamos prontos para financiar toda a necessidade que os empresários gaúchos tiverem, independente do setor, porque a nossa missão é impulsionar o crescimento do Rio Grande do Sul”.
Levar as demandas discutidas no fórum para Brasília foi o compromisso firmado pelo deputado federal Pedro Westphalen que, em sua manifestação, afirmou ser “fundamental que o setor produtivo se aproxime dos parlamentares”. Na opinião do político, geralmente se creditam aos governos os obstáculos ao desenvolvimento econômico, quando muitas vezes são as Câmaras Municipais e Estaduais as responsáveis por barrar questões relevantes ao processo, como a desburocratização.
Perspectivas para a economia do Rio Grande do Sul
Iniciando o primeiro painel do encontro, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Vilmar Zanchin, demonstrou otimismo em relação ao futuro do estado, principalmente pela continuidade do trabalho do executivo. “Vamos completar 12 anos de governo compartilhando as mesmas agendas de transformação, o que é essencial para progredirmos. Mas sem o aval da Assembleia nada avança. E ela tem cumprido seu papel, com a composição de um parlamento reformista e corajoso na tomada de decisões.”
Na sequência, os debates envolveram o presidente da Rio Grande Seguros e vice-presidente da Icatu, César Saut; o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Petry; e o presidente do Sistema Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn. Enquanto Saut relacionou a história da construção da Icatu com o desenvolvimento econômico do Rio Grande do Sul, Petry salientou a força da estrutura industrial gaúcha, a terceira maior do país. Ambos também comentaram sobre as perspectivas promissoras do estado, desde que o seu potencial competitivo seja evidenciado para atrair novos investimentos.
Já Bohn projetou um crescimento da economia do estado para 2023 em mais de 5%, parabenizando as reformas administrativas que foram implementadas na última gestão. “Fazer o ajuste fiscal pelas despesas é sempre mais difícil, mas necessário.” Trazendo o setor privado para a pauta, o dirigente sublinhou a eficiência na realização de processos. “Pensando nisso, fica claro que lei não deve aumentar salário. O que aumenta salário é produtividade. E oferecer assessoria técnica para estimular esse melhor desempenho é a nossa parte”, disse ele, que também preside o Conselho Deliberativo do Sebrae-RS.
A economia do Brasil e os desafios da economia gaúcha
Com fortes críticas ao governo federal, a economista-chefe da Icatu Seguros, Victoria Werneck, questionou algumas posições tomadas pelo presidente eleito que influenciam no desenvolvimento econômico do Brasil. “O governo afirma que quem gera riqueza é o trabalhador e não o empresário. Mas para quem o trabalhador trabalha? Isso não faz sentido”, pontuou. Para a especialista, quatro fatores são imprescindíveis na conquista de novos investidores no país: segurança regulatória, segurança jurídica, previsibilidade e rentabilidade – aspectos em falta no atual cenário.
Os programas da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico também foram citados no segundo painel do fórum pelo novo responsável pela pasta, Ernani Polo. O Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul (Fundopem/RS), por exemplo, tem sido uma ferramenta propulsora do crescimento gaúcho. Segundo ele, a iniciativa auxilia na aceleração da análise de projetos de empreendedores que querem investir no estado, fazendo com que o benefício do Fundo seja concedido em menos de 90 dias.
O presidente da Cotrijal, Nei César Mânica, e o presidente do Conselho de Administração da Marcopolo, Mauro Bellini, também participaram do debate. Bellini surpreendeu a plateia ao ler um discurso produzido pelo ChatGPT, um protótipo de chatbot com inteligência artificial que é especializado em diálogo. Com a ação, chamou a atenção para o futuro, colocando as novas tecnologias como ponto central de fomento para a educação das próximas gerações.
Setor fundamental para a discussão das projeções econômicas, o agronegócio foi o tema de Mânica, que abordou desde o papel do cooperativismo até os desafios dos seguros agrícolas, passando pela necessidade de manter os jovens no campo e de se pensar cada vez mais o lugar da mulher no mundo rural. O painelista ainda convidou todos os presentes a comparecerem à Expodireto Cotrijal, uma das maiores feiras do agro do mundo, que acontece de 06 a 10 março, em Não-Me-Toque (RS).
Problemas complexos; soluções à altura
“O nosso estado é empreendedor, é forte e tem espírito de inovação.” Assim começou o pronunciamento do governador Eduardo Leite no encerramento do fórum O Rio Grande Pujante. Segundo ele, não é preciso só trazer empresas para cá, mas sim estimular os investimentos dos próprios empreendedores gaúchos. Sendo assim, é dever do Estado criar um ambiente de negócios propício para tal.
Em um resgaste histórico, Leite ainda lembrou dos 42 anos de déficit nas contas públicas do Rio Grande do Sul, que ocasionaram insuficiência na capacidade de investir em melhorias. “Dedicamos nosso primeiro governo ao equilíbrio do orçamento e recentemente fomos surpreendidos com as mudanças no ICMS, que nos tirarão mais de R$ 5 bilhões em recursos no período de um ano.”
Excesso de gastos públicos, mudanças no cenário econômico mundial e questões tributárias foram alguns dos desafios elencados pelo governador que, em sua avaliação, não estão sendo enfrentados em Brasília. “Por parte do governo federal, sempre tem um culpado para terceirizar as responsabilidades. Mas poucas soluções são apresentadas para esses problemas complexos da conjuntura econômica”, defendeu Leite.
A cobertura completa do evento poderá ser conferida em um caderno especial na edição do Jornal O Sul do dia 17 de fevereiro, bem como na programação da TV Pampa no dia 19 de fevereiro.