Sexta-feira, 10 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 10 de outubro de 2025
As punições partidárias impostas aos ministros do Turismo, Celso Sabino, e do Esporte, André Fufuca – que decidiram permanecer no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva –, não significam, até agora, que o Centrão romperá de vez com o Palácio do Planalto.
Há, sim, uma intenção do grupo de fazer oposição ao governo, de impor cada vez mais derrotas ao Planalto e de construir uma candidatura à Presidência, em 2026. Mas o andar dessa carruagem dependerá do cenário político até lá.
Se Lula continuar recuperando popularidade, terá potencial para conquistar mais “pedaços” do Centrão, além das fronteiras do Norte e do Nordeste. Se não, o discurso do grupo que dá as cartas no Congresso já está pronto, embora não seja de uma nota só, como se pode verificar no apoio que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), tem dado ao governo.
Na prática, tanto a cúpula do União Brasil, partido de Sabino, como a do PP, sigla de Fufuca, tentam mostrar força após ficarem desmoralizadas com a decisão dos ministros de não entregar os cargos, apesar do ultimato dado pelas legendas, ainda em setembro.
Desobedientes, Sabino e Fufuca bateram o pé e decidiram continuar ao lado de Lula. Não sem motivo: os dois são pré-candidatos ao Senado e querem o apoio do presidente – que melhorou sua performance nas pesquisas de intenção de voto – na disputa de 2026.
Sabino, além de tudo, enfrenta um problema regional. O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), também pretende concorrer ao Senado, no ano que vem, e fez um acordo para que a outra vaga seja do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Chicão, também do MDB. Até agora, a chapa tem o aval de Lula, mas ele prometeu apoiar Sabino. O titular do Turismo conta com a persuasão presidencial para demover Helder do plano de fazer dobradinha com Chicão.
No Maranhão, Fufuca também não abre mão de ter Lula no palanque. Padrinho e amigo do ministro, o presidente do PP, Ciro Nogueira, conduziu, então, uma solução meio-termo: Fufuca foi afastado do comando da legenda no Estado e da vice-presidência nacional do PP.
Enquanto isso, Lula aproveita o racha no Centrão para atrair fatias do grupo e fustigar os adversários. É fato que o governo corre risco no Congresso, sim, com a ira do Centrão. Mas, enquanto todos os indicados por partidos como o União Brasil e o PP não deixarem os cargos na administração federal, como na Caixa, por exemplo, não dá para dizer que a decisão das cúpulas não é apenas para inglês ver. (Com informações da repórter especial Vera Rosa, de O Estado de S. Paulo)