Domingo, 18 de maio de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 17 de maio de 2025
Michelle Bolsonaro virou uma espécie de coordenadora da bancada feminina do PL no Congresso. A ex-primeira-dama tem orientado parlamentares em projetos, de olho em 2026.
Um grupo de parlamentares ligadas ao PL Mulher, ala feminina do Partido Liberal, começou a se reunir recentemente na residência funcional da deputada Rosana Valle, que pertence à legenda, em Brasília, uma vez ao mês, a pedidos de Michelle. Até o momento, já ocorreram dois encontros. O último deles, no dia 6 de maio.
Uma das parlamentares que compareceu a uma dessas reuniões afirmou que Michelle sugeriu os encontros para se aproximar ainda mais do grupo e auxiliar as colegas quanto à proposição de pautas defendidas pela ex-primeira-dama, como aquelas voltadas à defesa das mulheres, de pessoas com necessidades especiais e de outras minorias.
Antes de cada encontro, Michelle envia às colegas, via whatsapp, um convite falando em “potencializar as ações parlamentares e dar continuidade a atuação conjunta das nossas mandatárias com o PL Mulher”.
Além da ex-primeira-dama e de Rosana Valle, compareceram até o momento em pelo menos um destes encontros as deputadas Caroline de Toni, Bia Kicis, Soraya Santos, Carla Zambelli, Coronel Fernanda, Daniela Reinehr, Rosângela Reis, Silvia Waiãpi e a senadora Dra. Eudócia.
Bolsonaro reage a fala de aliados sobre Michelle
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiu na sexta-feira após tomar conhecimento que o ex-ajudante de ordens na Presidência, tenente-coronel Mauro Cid, afirmou ao ex-secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, ‘preferir’ a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PL) a da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro na disputa eleitoral em 2026. O antigo chefe do Executivo disse que auxiliares não gostavam da presidente do PL Mulher e a comparou com a atual primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja.
— Diferentemente da atual primeira-dama, Michelle botava ordem na casa. Ela é quem botava ordem na casa, e o pessoal não gostava. Mas não justifica essa troca de mensagens, ainda mais em janeiro de 2023, quando eu estava elegível. Um falou besteira, o outro concordou. Vou conversar com o Valdemar sobre isso. Vamos ver o que fazer — disse Bolsonaro ao Metrópoles.
O comentário irônico de Cid foi feito numa troca de mensagens pelo celular entre os dois, feita em 27 de janeiro de 2023, e revelada nesta sexta-feira pelo portal Uol.
Segundo a publicação, Cid recebeu de Wajngarten uma notícia de que o PL estudava lançar Michelle como candidata em 2026, caso Bolsonaro se tornasse inelegível. À época, o ex-presidente não havia sido julgado. Ao ser instigado a comentar o caso, Cid respondeu: ‘Prefiro o Lula, hahahaha”. O ex-Secom de Bolsonaro declarou em seguida: “Idem”.
Procurados pelo UOL, Michelle não respondeu aos contatos, enquanto a defesa do ex-ajudante de ordens não quis se manifestar. Wajngarten declarou que, naquela época, “jamais se imaginou a ex-primeira-dama como candidata”.
A fritura ao nome da ex-primeira-dama permanece nas mensagens trocadas nos dias seguintes por ambos. Ao comentarem sobre o salário que o PL pretendia pagar a Michelle, de R$ 39 mil, Cid declara envia um áudio avaliando que ela seria “destruída” caso decidisse entrar para a política por ter “muita coisa suja”.
“Cara, se dona Michelle tentar entrar pra política, num cargo alto, ela vai ser destruída, porque eu acho que ela tem muita coisa suja… não suja, mas ela né, a personalidade dela, eles vão usar tudo contra pra acabar com ela. E Valdemar (Costa Neto, presidente do PL) fala demais também, aquele negócio dos documentos, dos papéis, tá todo enrolado agora”.
Em outra mensagem, Wajngarten comenta outra reportagem sobre o nome de Michelle na disputa ao Senado, afirmando que havia questionado Bolsonaro se ele tinha dado anuência para essa possibilidade. Para o ex-secretário, a especulação naquele momento acarretaria notícias negativas contra a ex-primeira-dama.
Segundo Wajngarten, o ex-presidente teria lhe telefonado para falar sobre o tema. No entanto, o ex-secretário não detalha para Cid o que foi dito na conversa. O ex-ajudante volta a afirmar que Michelle teria informações comprometedoras em sua biografia que queimariam uma possível candidatura. As informações são da Revista Veja e do portal O Globo.