Quinta-feira, 10 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 9 de julho de 2025
Assassinada há quase um mês na zona rural de Formigueiro (Centro-Oeste gaúcho), a vereadora Elisane Rodrigues dos Santos (PT) estaria ligada a um grupo criminoso que atua no tráfico de drogas. A hipótese consta em inquérito enviado à Justiça pela Polícia Civil, que aponta uma dívida como possível motivo para o crime, ordenado por líder de facção e executado com múltiplas facadas por um jovem de 18 anos.
Os investigadores trabalhavam inicialmente com a informação de que a parlamentar havia sido executada em represália a uma pendência financeira do filho da parlamentar. Mas logo chegaram a pistas sobre altos valores depositados em contas bancárias de Elisane.
Mandados de busca no próprio município, além de Porto Alegre, Santa Maria e Restinga Seca resultaram na apreensão de aproximadamente R$ 500 mil pertencentes à vítima, que seria uma espécie de “tesoureira” da facção.
Elisane tinha 49 anos, era técnica de enfermagem, auxiliar de análises clínicas em um hospital do município e defensora de causas sociais ligadas a comunidades quilombolas, dentre outros segmentos. Ela estava em primeiro mandato, além de ser a única mulher ente os nove integrantes da da Câmara Municipal.
Relembre o caso
O corpo da parlamentar foi encontrado na manhã do dia 17 de junho, ao lado de seu automóvel, em estrada de terra na localidade rural de Rincão dos Machado, em um ponto desguarnecido de videomonitoramento. Manchas e respingos de sangue no banco e no para-brisa indicaram que o ataque havia começado no interior do veículo.
No dia 20 de junho, a Polícia Civil prendeu preventivamente um suspeito do assassinato. A corporação então relatou que o ataque havia sido cometido sob encomenda de uma facção criminosa à qual o filho da parlamentar supostamente devia determinada quantia relacionada a entorpecentes.
Em depoimento, o rapaz contou ter atraído a vereadora para o local com uma falsa oferta de venda de carne. Ele então esfaqueou e degolou Elisane a ponto de quase decapitá-la. Depois, livrou-se do celular da vítima e da arma usada no ataque, jogando tudo em um açude.
O delegado Antonio Firmino Neto, responsável pelo caso, não revelou a identidade do investigado. Adiantou, porém, tratar-se de um jovem de 18 anos, vizinho da vítima e que confessara ter agido por ordem de um líder do grupo. “O mandante determinou a execução para que o filho da vereadora sofresse”, declarou Firmino Neto.
A morte de Elisane causou comoção social, sobretudo entre outras líderes femininas da região. Em Formigueiro, a prefeitura decretou três dias de luto oficial e a bancada do PT na Câmara local emitiu nota de pesar, destacando a relevância da atuação da vereadora em prol de grupos sob vulberabilidade social e econômica.
Em março, o engajamento de Elisiane a causas sociais havia motivado sua inclusão entre as homenageadas pela edição 2025 do prêmio “Mulheres de Luta”. A honraria é concedida pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
(Marcello Campos)