Sábado, 12 de outubro de 2024

Astrônomos detectam a mais distante explosão de ondas de rádio cósmicas já identificada

Uma equipe de astrônomos detectou a mais distante explosão rápida de rádio (FRB) até o momento, uma remota explosão de ondas de rádio cósmicas que durou menos de um milissegundo e que confirma que esses fenômenos podem ser usados para medir a matéria “perdida” entre as galáxias. Conforme relatado na quinta-feira (19) pelo Observatório Europeu Austral (ESO), baseado em Garching (Alemanha), a origem da explosão foi localizada pelo Very Long Telescope (VLT), que fica no Deserto do Atacama, no Chile.

A explosão em questão, uma das mais enérgicas e mais observadas – porque liberou, em uma fração de segundo, o equivalente à energia que o Sol emite em 30 anos –, vem de uma galáxia tão distante que sua luz leva 8 bilhões de anos para chegar até nós. “Descobrimos que é mais antiga e mais distante do que qualquer outra fonte de FRB encontrada até o momento, e que provavelmente está dentro de um pequeno grupo de galáxias que estão se fundindo”, disse o astrônomo Stuart Ryder, coautor principal do estudo, sobre a origem da explosão.

Segundo o ESO, a detecção da FRB em questão confirma que podem ser usadas para medir a matéria que “falta” e fornecer uma nova forma de “pesar” o Universo, já que os modelos atuais para estimar seus resultados proporcionam respostas contraditórias. “Se contarmos a quantidade de matéria normal que existe no Universo (os átomos dos quais somos feitos), encontramos que falta mais da metade do que deveria haver no dia de hoje”, explicou Ryan Shannon, codiretor do estudo.

Shannon acrescentou que se crê que a matéria que falta poderia estar no espaço entre as galáxias, mas que poderia ser tão quente e difusa que seja indetectável usando técnicas normais. As FRB, no entanto, “detectam esse material ionizado” e, inclusive, em um espaço quase totalmente vazio podem “ver” todos os elétrons, o que permite quantificar a matéria que há entre as galáxias, afirmou Shannon.

Ainda que a causa dessas explosões de energia seja desconhecida, o estudo confirma que são eventos comuns no cosmo e que podem ser utilizados para “compreender melhor a estrutura do universo”.

O ESO, por sua vez, sublinhou que estão atualmente construindo radiotelescópios, que serão capazes de detectar explosões ainda mais antigas e distantes. O Extremely Large Telescope, afirmou, estará localizado no Atacama e será um dos poucos capazes de estudar essas galáxias.

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