Quarta-feira, 01 de maio de 2024

Ataque do presidente da Câmara dos Deputados a ministro de Lula acirra disputa entre Congresso e Executivo; relembre embates da semana

Ao chamar o ministro da Secretaria das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, de “incompetente” e “desafeto pessoal”, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), inaugurou um novo capítulo na conturbada relação entre o Congresso e o governo federal. Além da disputa entre Lira e Padilha, a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda teve que lidar esta semana com a votação para manter a prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), o descontentamento dos parlamentares com o veto à proibição da saidinha dos presos e a briga por recursos de emendas do Ministério da Saúde.

Relembre os principais acontecimentos desta semana na disputa entre Congresso Nacional e governo federal.

Na quinta-feira (11), Lira atacou diretamente Padilha ao chamá-lo de “incompetente” e “desafeto pessoal”. O presidente da Câmara se incomodou ao ser perguntado sobre notícias de que ele teria saído enfraquecido pela manutenção da prisão de Chiquinho Brazão, deputado suspeito de ser mandante da morte da vereadora Marielle Franco. “(A notícia) foi vazada do governo e, basicamente, do ministro Padilha, que é um desafeto além de pessoal, incompetente”, declarou Lira.

“É lamentável que integrantes do governo interessados na estabilidade da relação harmônica entre os Poderes fiquem plantando essas mentiras, essas notícias falsas que incomodam o Parlamento. E, depois, quando o Parlamento reage, acham ruim”, acrescentou.

Em resposta a Lira, Padilha publicou um vídeo nas redes sociais que mostra um elogio feito por Lula ao trabalho dele. Nas imagens, o presidente da República diz que o ministro “tem o cargo mais espinhoso” no governo por lidar com o Congresso e diz que ele vai bater recorde. “Padilha vai bater recorde, porque é o ministro que está durando muito tempo no seu cargo. E vai continuar pela competência dele”, afirmou.

Na sexta-feira, 12, Padilha acrescentou que não se “rebaixaria” ao nível do presidente da Câmara. “Eu fico com as palavras do presidente Lula”, disse. “Sobre o resto das palavras, sinceramente eu não vou descer a esse nível. Sou filho de uma alagoana arretada que sempre disse: meu filho, se um não quer, dois não brigam”, complementou.

Ele disse ainda que quer que Legislativo e Executivo sejam uma “dupla de sucesso”. “Queremos repetir a dupla de sucesso que tivemos no ano passado sem nenhum tipo de rancor. Sobre rancor, a periferia da minha cidade (SP) produziu na grande figura do Emicida, que mano, rancor é igual tumor, envenena a raiz, a plateia só deseja ser feliz. Eu sou deputado e converso com todos os deputados e deputadas, senadores e senadoras, e sei que todo mundo ali quer ser feliz”, afirmou.

Defesa de Padilha

Em uma cerimônia em São Paulo na sexta-feira (12), Lula saiu em defesa de Padilha. “Só de teimosia, o Padilha vai ficar muito tempo nesse ministério, porque não tem ninguém melhor preparado para lidar com a diversidade dentro do Congresso Nacional que o companheiro Padilha”, disse.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) buscou colocar panos quentes na situação. “Ninguém é perfeito, mas ninguém também é tão mau assim. A gente tem que conviver com as divergências e eu espero que a relação do Parlamento com o Executivo, especialmente com essa peça-chave que é o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, possa ser a melhor possível”, afirmou na quinta-feira, 11.

O estopim para a nova crise entre Padilha e Lira foi a intervenção do governo na votação sobre a prisão de Chiquinho Brazão. A orientação do governo foi para que sua bancada votasse a favor da manutenção da prisão preventiva do parlamentar acusado de mandar matar a vereadora do Rio Marielle Franco em 2018.

Saidinha

Outro episódio que amargou a relação entre o governo federal e o Congresso foi o veto parcial de Lula à proibição da saída temporária de presos para visitas familiares. O projeto de lei com essa determinação havia sido aprovado com ampla maioria no Congresso.

Verba da saúde

No começo da semana, a ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, afirmou que não tem qualquer problema de relacionamento com o Legislativo.  Nísia tem o posto cobiçado por parlamentares do Centrão. Nas últimas semanas, congressistas de várias legendas vêm demonstrando descontentamento com a gestão dela, principalmente em relação à destinação de verbas para Estados e municípios.

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