Terça-feira, 21 de outubro de 2025

Até o próximo ano, o governo Lula terá mais quatro indicações para mudar o perfil do Banco Central

Economistas disseram que a indicação de Gabriel Galípolo para a direção de Política Monetária do Banco Central (BC) sinaliza como será o perfil das escolhas do governo para ocupar a direção da autoridade monetária. O governo terá mais duas trocas para fazer até 31 de dezembro deste ano, para os cargos de Fernanda Guardado, diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, e de Mauricio Moura, diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta.

Além disso, no próximo ano, em conjunto com a escolha do novo presidente que irá suceder a Roberto Campos Neto, há outras duas trocas a serem feitas nas diretorias da autoridade.

Para Carlos Kawall, sócio-fundador da Oriz Partners e ex-secretário do Tesouro Nacional, a repercussão da indicação de Galípolo dependerá das próximas declarações dele sobre a economia e a condução da política monetária no País.

“Vai ser importante ouvir o que ele tem a dizer na sabatina do Senado e, em particular, qual é a posição dele sobre a execução da política monetária, se ele vai professar ou não as teses da MMT (Teoria Monetária Moderna, na sigla em inglês), que tem gerado mais nervosismo no mercado”, diz Kawall.

Receio

As preocupações em torno da associação de Galípolo à MMT – teoria econômica heterodoxa que defende que países que emitem sua própria moeda sempre poderão imprimir mais dinheiro para pagar sua dívida – decorrem do histórico acadêmico do economista. No ano passado, o nome dele apareceu no texto Diretrizes de Políticas Públicas para 2023, do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), ao lado do economista André Lara Resende, tido como um dos expoentes da MMT no País.

Para Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC, a indicação do secretário executivo da Fazenda para o BC confirma os temores de que o governo age para ocupar o Comitê de Política Monetária (Copom) com aliados. “Está claro que ele vai para lá com uma missão: tentar interferir na política monetária hoje e, lá na frente, talvez virar presidente do BC quando Roberto Campos Neto sair”, diz. “Isso vai ser lido como sinal de que o BC pode se tornar muito mais leniente com inflação – não agora, mas em algum momento dos próximos anos.”

Para o banco Goldman Sachs, a indicação de Galípolo para o BC tem o potencial de aumentar os ruídos na comunicação do Copom no curto prazo. “Não ficaríamos surpresos se começarmos a ver decisões divididas e visões diametralmente opostas dentro do Copom sobre qual seria a posição adequada de política monetária”, escreve o diretor de Pesquisa Macroeconômica do banco para América Latina, Alberto Ramos, em relatório.

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