Quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Atrasar alguma cobrança para pagar outra mais urgente foi o recurso encontrado por seis em cada 10 endividados

Com quase 80% das famílias brasileiras endividadas — maior nível desde o início da série histórica, em 2010 —, como apontou a Confederação Nacional do Comércio (CNC), os débitos em atraso tiram o sono, privam o consumo das famílias e impõem mudanças no orçamento.

Para 60% dos brasileiros com dívidas em aberto, a saída nos últimos 12 meses foi aderir ao chamado “rodízio das contas”: atrasar alguma cobrança para pagar outra mais urgente.

A análise consta de um estudo divulgado nesta quarta-feira (dia 16) pelo Instituto Locomotiva e pela empresa de tecnologia do mercado financeiro MFM TI. A pesquisa ouviu 1.020 homens e mulheres em todo o país, entre os dias 19 e 28 de setembro.

Orçamento apertado

O levantamento mostrou que, com o orçamento apertado, na hora de escolher o que pagar, despesas básicas do lar tiveram que ser privilegiadas. Contas de luz, água e gás (58%) são as prioridades, seguidas da fatura do cartão de crédito (42%) e das despesas do supermercado (40%). O aluguel aparece na quarta posição (30%).

Segundo a pesquisa, 56% dos inadimplentes têm dívidas abertas de cartão de crédito. Os débitos de empréstimos e financiamentos com bancos e financeiras aparecem depois (40%), seguidos de dívidas do cheque especial (21%), contas de consumo como água e luz (20%), telefone celular (16%) e internet e TV a cabo (14%).

Além disso, para 60% dos negativados, a perda do emprego e a falta de planejamento do orçamento da família são os principais motivos para terem atrasado seus compromissos.

O estudo também apontou que, entre os beneficiários do Auxílio Brasil e que estão endividados, 60% pretendem usar os valores do programa de transferência de renda para quitar débitos.

Sem perspectiva

A análise mostra ainda que, em relação a 2021, houve uma redução no percentual de inadimplentes que acreditam que conseguirão pagar suas dívidas: no ano passado eram 73%, e neste ano, 59%.

Enquanto isso, aumentou o número dos que acreditam que não será possível quitar o que devem — 5% em 2021 e 17% atualmente.

Entre quem acredita que conseguirá honrar seus compromissos, 40% pretendem economizar em outras contas, reduzindo o consumo de determinados produtos e serviços (56%), buscando descontos (34%) ou renegociando as dívidas (31%).

Impacto na saúde

Além dos efeitos práticos do endividamento, como a redução no consumo e as necessidades de mudança no orçamento, o estudo investigou também os impactos subjetivos das dívidas, desde a saúde mental até o sono e o apetite:

  • 84% acreditam que as dívidas impactam negativamente seu estado emocional;
  • 82% na sua felicidade;
  • 83% na sua vida em geral;
  • 81% no seu sono;
  • 81% na sua autoestima;
  • 79% na sua vida profissional;
  • 77% na sua vida familiar;
  • 70% no convívio com amigos/vida pessoal;
  • 66% na sua vida amorosa;
  • 66% no seu apetite;

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